O look oriental da rainha Amidala
A influência japonesa em A Ameaça Fantasma atingiu em cheio o guarda-roupa dos personagens, especialmente o de rainha Amidala (interpretada por Natalie Portman) – futura mulher de Anakin e mãe de Luke Skywalker e da princesa Leia.
Dos oito trajes desenhados pelo artista Iain McCaig e transformados para a ˜vida real˜ pela figurinista Trisha Biggar, um em especial carrega fortes traços nipônicos. É o chamado Amidala’s Palpatine Costume Nº 1, um quimono em tons de cinza ao qual Trisha adicionou desenhos próprios, acentuando um pouco as mangas e utilizando ainda adornos de um antigo vestido dos anos 20. “Todos os trajes do Episódio I têm uma base histórica, mas nós mudamos e brincamos um pouco com eles”, diz Trisha, que ainda criou uma cartela de cores especial para cada peça de acordo com o set de filmagem.
A escolha do quimono cinza não foi obra do acaso. O traje ajuda a tornar o encontro entre Amdala e o senador Palpatine, vivido por Ian McDiarmid, em uma cerimônia especial. Com a ajuda da roupa, a rainha Amidala passa uma imagem de soberania e altivez.
“Combinamos muitas influências para compor o visual da rainha”, diz Paul Engelen, chefe da equipe de maquiagem do filme. “O look oriental prevalece: a base branca, a boca vermelha, o penteado elaborado”. Uma descrição rápida de uma gueixa que pode ser vista nos dias de hoje circulando pelas ruas de Kyoto.
E se a tradição japonesa já estava no figurino, nada mais correto do que incorporar pequenos elementos de uma arte secular do arquipélago: o kabuki, teatro tradicional japonês em que somente homens podem atuar.
Desde o processo de maquiagem até a ação do filme, a atriz Natalie Portman parece ter seguido à risca os passos básicos dos atores japoneses. Segundo a análise dos críticos, esses detalhes são visíveis principalmente na sutil movimentação em cena da atriz – que, além de tudo, ainda fala japonês fluente. “George trabalhou muito comigo”, diz Natalie. “Orientou a mudança da minha voz, os meus movimentos e até o jeito que eu caminhava pelo set˜.
O papel da mulher
Lucas sempre fez questão de criar fortes papeis femininos em A Guerra nas Estrelas, escapando do chavão hollywoodiano da mulher frágil à espera de um príncipe salvador.Depois de Leia, povoaram as telas de uma sucessão de heroínas querendo briga, como Ellen Ripley (Alien) e Sarah Connor (O Exterminador do Futuro), só para ficar em alguns exemplos.
O que poucos sabem, no entanto, é que a base para essa mudança conceitual de Lucas está na história do Japão feudal, quando mulheres de alta casta usavam seus conhecimentos em artes marciais para enfrentar, sem a ajuda de samurai algum, qualquer engraçadinho que aparecesse pela frente.
Exatamente como Amidala, que tenta defender seu reino dos inimigos a todo o custo.
Reportagem: Alexandre Morettin
Reportagem originalmente publicada na edição nº 22 da revista Made in Japan