Darth Maul e a cultura japonesa em Star Wars
Outro personagem que promete deixar uma legião de fãs por todo o planeta é Darth Maul (Ray Park). Mesmo antes da estreia no Japão, era fácil encontrar bonecos, camisetas e vários sites do representante do lado negro da Força.
O segredo desse sucesso está mais no visual do que na atitude do vilão. Afinal de contas, é ele quem quer acabar com a dupla jedi Qui-Gon e Obi-Wan. A impressionante “tatuagem” negra e vermelha, aliada aos vários chifres que circundam sua cabeça, criada pelo maquiador Paul Engelen, ajudam, e muito, para que Maul se pareça com o demo em pessoa. E o demônio, no Japão, tem a cara das máscaras oni (demônio).
As máscaras oni tiveram origem em uma antiga lenda japonesa. Segundo consta, os mortos que não tivessem um ritual fúnebre apropriado, tornavam-se demônios.
A palavra também servia, no período Nara (710-784), para designar as pessoas que não praticavam o budismo ou aquelas que cometiam o pecado da gula. Essas imediatamente caíam no inferno da fome, transformando-se em gaki (oni da fome). Diversos tipos de demônios foram “designados” até o final do período Heian (794-1192), quando a figura da máscara oni que conhecemos hoje tomou forma.
Ela é usada até hoje em festas populares no Japão e pode ser encontrada em qualquer loja de produtos tradicionais do país.
Até o tipo da espada usada por Darth Maul, um sabre de luz duplo, não é tão novidade no Oriente. Monges budistas levavam em suas caminhadas um bastão longo, equipado com diversos sinos em cada ponta, para proteção. Assim como Darth Maul, esses monges seguravam a “arma” pela parte central, podendo assim atingir dois oponentes simultaneamente. Não era fatal como o sabre, mas eficaz o bastante para jogar qualquer intruso no chão.
Reportagem: Alexandre Morettin
Reportagem originalmente publicada na edição nº 22 da revista Made in Japan