A Última Princesa mostra Princesa Isabel além da Lei Áurea
Em A Última Princesa, o escritor Fábio Yabu (de Princesas do Mar e Combo Rangers) se inspirou em um encontro envolvendo dois personagens da história do Brasil: a princesa Isabel e Santos Dumont.
Em seu blog, Fábio resume muito bem a sensação provocada pela ideia de tal improvável evento, que aconteceu na França: “O simples encontro dos dois já é algo inacreditável por si só – pois em geral tem-se a percepção de que a Princesa viveu numa época medieval, enquanto Santos Dumont conviveu com nossos bisavós”.
Inspiração que foi estruturada por muita pesquisa, conforme prova a Bibliografia – algo que não é muito comum em livros do gênero.
A Última Princesa não é um livro de história, não defende a monarquia, nem é republicano. O formato é de fábula, com passagens interpretadas de maneira fantástica. A questão da escravidão é, naturalmente, tratada de forma mais literal.
Assim, no começo, fica uma certa expectativa marginal de “quando vai aparecer a Lei Áurea?” – que é a referência mais próxima que a maioria tem ou deve ter da princesa. Porém, quando o inventor Alberto é apresentado, no quarto capítulo, essa expectativa desaparece.
Claro que, conforme a leitura progride, é possível identificar os paralelos com a história real. É bom deixar claro que, em momento algum, o livro assume ou pretende ter caráter didático, não existindo descrição estritamente objetiva de tempo e espaço.
“De posse da Pena Dourada, a Princesa finalmente libertaria os escravos. (…) Orgulhosa, ela exibiu a Pena Dourada capaz de reescrever a história e corrigir as injustiças. O artefato começou a brilhar intensamente, espalhando um brilho dourado por todo o reino” (capítulo 17, p. 89 e 90).
Em um livro escolar convencional, provavelmente estaria que “a princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888”. Fora isso, também vemos seu nome em logradouros, como o Terminal Princesa Isabel, em São Paulo, e a Rua Princesa Isabel, s/nº, em Santos.
As ilustrações são próprias de uma fábula – lembram o O Pequeno Príncipe que li na distante infância – com destaque para a ilustração da página 81. É uma atmosfera enevoada e indefinida, que permite que o leitor interprete e a associe com o texto como preferir.
No fim do livro, estão duas partes que ajudam a formar o contexto completo. A Nota do Autor e as fotografias explicam e mostram um pouco dos personagens da (H e h)istória.
A Última Princesa
Autor: Fábio Yabu
Ilustrações: Matheus Lopes Castro
Editora: Galera Record
Ano: 2012
Site: aultimaprincesa.com.br