Conheça as terapias orientais e os benefícios que elas podem trazer para você

Welison Calandria/Made in Japan
Pelo menos uma vez por mês a estudante Fany Nakazawa faz um banho terapêutico no Kan Tui Espaço do Bem Estar

Aquecida a uma temperatura de 36 graus Celsius, a água do ofurô envolve o corpo delicadamente, proporcionando bem-estar imediato. Em meio aos aromas de um banho relaxante, lá se vão o estresse, o cansaço ou mesmo a dorzinha de cabeça em questão de minutos. O ofurô, assim como outras terapias originadas no Oriente, têm ganhado cada vez mais adeptos no Brasil. Algumas delas deixaram de ser práticas exóticas e cercadas de misticismo para se tornarem verdadeiras aliadas da alopatia na cura e prevenção de doenças.

A acupuntura, por exemplo, ganhou tamanha confiança no meio científico que, em 1995, após estudos e testes em laboratório, recebeu do Conselho Federal de Medicina o título de especialidade médica Em 1998, foi a vez de a Associação Médica Brasileira reconhecer a técnica. Para se ter uma idéia da popularidade do método chinês, só o ambulatório da Universidade Estadual Paulista (Unifesp) recebe 2,5 mil pacientes por mês em apenas quatro horas de atendimento diárias.

Outra terapia que tem interessado os médicos é a reflexologia. Segundo pesquisa da Unifesp, essa massagem feita em pontos dos pés ou das mãos apresentou bons resultados em gestantes que sofrem de pré-eclâmpsia, tipo de hipertensão que afeta mais de 6 milhões de grávidas no mundo. Segundo o estudo, a massagem fez com que a pressão, tanto sistólica como diastólica, baixasse.

Métodos terapêuticos como o yoga, massagem, reiki e meditação têm sido indicados tanto no tratamento de doenças quanto para obter uma qualidade de vida melhor. Confira, nesta reportagem, qual dessas práticas é a mais indicada para o seu caso.

Ofurô

Para que serve
Redução de estresse, ansiedade, cansaço e dores corporais.
Cada tipo de banho tem suas propriedades terapêuticas
Muito mais que um simples banho, o ofurô proporciona aos seus adeptos relaxamento físico e mental, aliviando as tensões causadas pelo estresse diário. Sua função vai muito mais além de simplesmente lavar o corpo, tanto que, no Japão, é comum que as pessoas se banhem antes de imergir na água. O objetivo é limpar-se física e mentalmente, deixando para trás as ansiedades do dia-a-dia.

A variação da temperatura da água do ofurô causa efeitos diversos. Se a água fria estimula o metabolismo, diminui a irritabilidade muscular e aumenta a imunidade, a quente serve perfeitamente para os músculos doloridos e renova o corpo após exercícios físicos intensos.

Também é muito comum a potencialização dos benefícios do ofurô através da adição de determinadas substâncias à água. Essências aromatizantes, flores, frutas, leite – tudo isso pode ser utilizado para, além de incrementar a estética, aumentar as propriedades terapêuticas do banho. O jasmim, por exemplo, auxilia no período pós-parto, enquanto o coco verde influencia na hidratação da pele.

“É importante trabalhar os cinco sentidos durante o banho”, explica o especialista Marcos Motta, do Kan Tui – Espaço do Bem-Estar. Segundo Marcos, a música, as cores do ambiente, os aromas da água e a utilização de outros elementos como as velas garantem uma apreciação maior do ofurô.

As banheiras japonesas podem ser de diversos materiais e formatos. Inicialmente, no Oriente, os ofurôs eram de cobre e ficavam sobre o fogo, obtido por meio da lenha. A falta de praticidade desse material levou ao desenvolvimento de equipamentos feitos de madeira. “É o preferido dos clientes”, afirma a especialista em terapias orientais Alice Keiko Fujiura, da Keiko’s Prevenção e Saúde. Há também opções disponíveis em aço inox, acrílico, madeira, metal, pedra, alvenaria ou fibra de vidro.

Quanto ao formato, para ser considerada um ofurô, a banheira tem de ter no mínimo 60 cm de profundidade. Desse modo, a coluna de quem for tomar o banho fica completamente submersa, deixando o corpo em posição fetal, que faz com que o usuário se sinta de volta ao útero materno. A única contra-indicação dos banhos do ofurô diz respeito às pessoas que têm problemas cardíacos ou de hipertensão: devido à temperatura da água, geralmente alta, convém consultar um médico antes de aproveitar os benefícios das águas relaxantes.

O formato do ofurô permite a posição fetal, para que a pessoa se sinta de volta ao útero”, Marcos Motta, especialista

Banho para desestressar

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A nikkei Fany Mitie Nakazawa cresceu acostumada aos ofurôs: desde pequena, gostava de brincar na banheira que sua família tinha em casa. No entanto, só passou a considerar o banho uma terapia quando experimentou o ofurô associado a técnicas complementares que potencializam os benefícios da imersão em água. Fany conheceu serviços profissionais de ofurô por meio de um presente de aniversário. “Eu gosto do ambiente, que é completo”, afirma.

A união dos estímulos auditivos (música), olfativos (aromaterapia) e visuais (cromoterapia) conseguiram desestressar a estudante de Direito, que, durante o dia, trabalha em um banco na região da República. “É um tempo para pensar na vida. O ofurô me deixa limpa, tanto física quanto mentalmente”, relata Fany, que procura os banhos terapêuticos pelo menos uma vez por mês. O seu preferido é a combinação de leite e óleos essenciais de rosa e sândalo, indicados contra depressão, ansiedade, mágoas e enxaqueca.

Reiki

Para que serve
Principalmente, redução do estresse e males dele decorrentes. Também é utilizado como suporte a outras terapias e contra doenças psicossomáticas. Há relatos de curas de enfermidades graves, como o cancer
Acura pela energia universal, direcionada por meio das mãos. Certamente esse tipo de tratamento é um dos que mais podem despertar a desconfiança dos céticos, pois se fundamenta em algo além do físico, diferentemente de uma massagem ou sessão de acupuntura. No entanto, os adeptos garantem: o reiki, como é chamada a energia universal, cura de verdade, sejam problemas físicos, sejam emocionais. Doenças ou efeitos colaterais de tratamentos químicos podem ser curados ou amenizados. Depressão, estresse, ansiedade, resfriados, dores estomacais, câncer entre outras são alguns dos males que podem ser combatidos com a técnica.

“O reiki potencializa outras terapias, principalmente aquelas que se dão por meio do toque”, explica a especialista Neuza Zuchi, que ministra cursos no Brasil e em Portugal e tem experiência de 12 anos no assunto. Em japonês, a palavra reiki vem da junção de rei (universo) com ki (energia). Embora utilizada há milhares de anos no Oriente, a técnica só foi redescoberta em meados do século 19, pelo padre japonês Mikao Usui. O que não significa que o reiki tenha algum significado religioso. Pessoas servem como canais de transmissão do reiki, que é aplicado através das mãos, que são postas em diferentes locais do corpo do paciente. O toque não é imprescindível, mas é recomendado.

Embora não haja nada comprovado, existem relatos de curas físicas obtidas por meio do Reiki. Médicos e enfermeiras que usam a técnica observam uma resposta mais positiva de seus pacientes aos tratamentos convencionais. “Na clínica em que trabalho, consigo até conter os surtos de alguns pacientes”, explica Masako Gombata, que é aplicadora de reiki e auxilia deficientes mentais como assistente social.

O efeito mais evidente é a redução do estresse, o que traz tranquilidade ao receptor da energia. “Com isso, a pessoa passa a se conhecer melhor e a entender a causa de seus problemas”, diz Masako. Tanto que alguns psicólogos indicam o reiki como complemento para terapias, dado o seu potencial de cura para distúrbios psicossomáticos (males físicos que se originam de problemas emocionais).

Para os que buscam uma terapia alternativa que pode ser auto aplicada, o reiki é um dos mais indicados. Pela simplicidade, pode ser utilizado no dia-a-dia a qualquer momento. Embora a eficácia da energia universal esteja ratificada apenas por testes empíricos, vale a tentativa para quem está disposto a apostar em algo mais que somente o cientificamente comprovado.

O reiki potencializa outras terapias, principalmente as que se dão por meio do toque”, Neuza Zuchi, especialista

Leveza e tranquilidade

A advogada Christianne Isejima Lima, de 31 anos, costumava ter problemas com o estresse do dia-a-dia. Sentia dores no corpo, irritação e ansiedade por causa da tensão à que era submetida. Por isso, buscou resolver seus problemas físicos e emocionais por meio da massagem, que não foi suficiente para ajudá-la. Procurou então o reiki e aprovou os resultados. Para a advogada, o método correspondeu às expectativas. “Na primeira vez em que usei o reiki, a sensação foi muito boa. Senti paz e tranquilidade. Acalmou a tensão e trouxe paz de espírito”, conta.

A especialista Alice Keiko Fujiura, que aplica reiki em Christianne, tem a explicação para o alívio da paciente: “O reiki faz fluir a energia, resolvendo os problemas emocionais”. A sensação de quem recebe a energia universal é descrita como a de um calor intenso na região que está sendo aplicada. “Saio da clínica com uma sensação de leveza. Depois que você faz a sessão de reiki, não tem como não acreditar. É uma energia usada em benefício do ser humano”.

Acupuntura

Para que serve
– Acupuntura
Welison Calandria/Made in JapanTendinite, lombalgia, problemas ósseo-articulares, pressão alta, diabetes, cervicalgia, gastrite, seqüelas de acidente vascular-cerebral, problemas emocionais (insônia, depressão), gastrointestinais, ginecológicos, dermatológicos de origem intestinal, diminuição de rugas e emagrecimento
– Auriculoterapia
Emagrecimento, tabagismo, enxaqueca, cólica. É mais indicado como “primeiros socorros” e não como um tratamento mais completo. Os resultados dependem também do esforço e da dedicação do paciente
– Moxabustão
Doenças crônicas ou friagem. Os resultados variam de acordo com a erva ou o tipo de calor empregado na técnica
Unica técnica oriental reconhecida como prática médica no Brasil, a acupuntura vem ganhando adeptos, não só entre os pacientes, mas também os estudantes de Medicina. De acordo com o chefe do Setor de Medicina Chinesa Acupuntura do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Estadual Paulista (Unifesp) e presidente da Associação Médica Mundial de Acupuntura, Ysao Yamamura, o curso de especialização de acupuntura é um dos mais procurados.

O curso também é ministrado no Hospital das Clínicas de São Paulo e em universidades federais do Rio de Janeiro, Ceará, Piauí, Distrito Federal e Pernambuco. Segundo estimativas da Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura, existem 5 mil médicos acupuntores no Brasil.

A procura é favorável, já que a demanda é maior que o número de profissionais habilitados para exercer a técnica. “Não conseguimos prestar atendimento a todos os pacientes”, afirma Yamamura. Exemplo disso é o ambulatório do setor do qual é chefe, que vive lotado. Na unidade de Pronto-atendimento do Hospital São Paulo, ligado à universidade, são 60 pacientes por dia, em nove horas de atendimento. A técnica foi disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à população em 1988, dez anos antes dos convênios médicos e seguros de saúde.

Tida como um dos principais elementos da medicina chinesa há mais de 5 mil anos, a acupuntura emigrou para a Coreia, o Japão e, mais tarde, para o Ocidente. Isso originou algumas variações, mas a essência é a mesma. A técnica consiste em estimular pontos-chave (também chamados de pontos-reflexos) localizados nos meridianos, linhas verticais imaginárias que percorrem o corpo. Por meio desses estímulos, o sistema nervoso central produz substâncias, como as endorfinas, que agem como analgésicos, antiinflamatórios e antidepressivos. Para a medicina oriental, a cura das doenças e a eliminação dos sintomas se deveram ao equilíbrio de energia entre yin e yang promovido pela acupuntura.

Segundo Yamamura, a técnica mais completa é a chinesa, a mais utilizada pelos médicos. Há quem discorde. O médico acupunturista Tadamassa Yamada, presidente do Grupo Oriental, que mantém a Clínica e a Escola Oriental de Massagem e Acupuntura, defende a visão japonesa. Ele afirma que o objetivo não é tratar a dor, mas sim a causa do problema. Por isso, não é correto aplicar as agulhas no local da dor. “A acupuntura visa o tratamento energético e físico, e não apenas o tratamento de sintomas”, diz.

Além da acupuntura, são utilizados o moxabustão e a auriculoterapia, que aplicam o mesmo princípio de pontos- reflexos. No primeiro caso, o estímulo é feito com calor, e, no segundo, os pontos trabalhados estão todos concentrados na orelha. Também é utilizada a acupuntura com eletroestimulação, feita com um aparelho ligado às agulhas, as quais intensificam a ação. A utilização é tão ampla que inclui benefícios estéticos, como tratamento de rugas e emagrecimento. A melhora da circulação e a ativação do metabolismo agem como rejuvenescedor da pele e facilitam a eliminação de líquidos.

O ortopedista e acupunturista Wu Tu Chung foi pioneiro no uso do método no Hospital do Câncer. Lá o método é usado no alívio da dor dos pacientes, principalmente da pediatria, e diminuição dos efeitos colaterais da quimioterapia, com bons resultados. As crianças experimentam o tratamento aconselhado pelos médicos. “A acupuntura já superou a fase de placebo há tempos”, afirma Chung.

A acupuntura visa o tratamento energético e físico, e não apenas o tratamento de sintomas”, Dr. Tadamassa Yamada

Agulhas contra o câncer

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Fernanda Kato de Araújo, 14 anos, é a prova de que é possível fazer acupuntura mesmo quando se tem muito medo de agulhas. Medo não, “pavor”, como ela gosta de frisar. Fernanda era paciente do Hospital do Câncer, em São Paulo, quando começou o tratamento de acupuntura com o médico Wu Tu Chung.

A técnica visava amenizar a sensação de náusea e vômitos provocados pela quimioterapia no tratamento de um tumor no pulmão. “Tinha bastante medo. Preferia vomitar o estômago a fazer acupuntura”, diz ela. “Estava preocupada, mas foi bem tranquilo”, conta Fernanda, sobre a primeira em vez que foi submetida às agulhadas. A aprovação foi total. “Acabei até dormindo por meia hora com a agulha na testa”, lembra.

A acupuntura acompanhou todo o tratamento de Fernanda, que durou um ano. “Quando não fazia, eu vomitava o dia inteiro e não conseguia nem comer”. Hoje, um ano após o fim das sessões, ela garante que as pessoas não precisam ter receio de experimentar e recomenda. E o medo de agulha, já acabou? “Só de agulha de acupuntura”, responde.

Massagem

Para que serve
– Quick massage
Estresse, insônia, lesão de esforço repetitivo (LER), punção, irritabilidade, dor nos olhos e nos ombros, palpitação, ansiedade e tontura
– Reflexologia
Problemas de estômago, fígado, rins, simetria digestiva, enxaqueca, coluna cervical. Auxilia na circulação e na eliminação de excesso de líquidos
– Anmá
Estresse, tensão generalizada. Por ser suave, é indicada para todas as idades
– Shiatsu
Estresse, hipertensão, prevenção de derrames e infartos, relaxamento, dores lombares e problemas em órgãos viscerais
– Watsu
Depressão, ansiedade, alongamento corporal, estresse, dor lombar em gestantes, bursite, dores no joelho, coluna, insônia, enxaquecas, doenças psicossomáticas e fibromialgia

A técnica pode estar na ponta dos dedos, na palma das mãos, no toque suave ou ainda na leveza de corpos sob a água. Não importa o tipo de massagem aplicado, o resultado em geral promove o bem-estar e o relaxamento físico, além de ter reflexos no estado emocional de quem a recebe.

Que o diga o diretor-gerente Milton Fukunaga, de 40 anos, que possui o típico perfil do executivo estressado. Ele sofria com a tensão do dia-a-dia, a má postura, o excesso de preocupações e a rotina de viagens. Procurou auxílio na massagem e hoje visita uma clínica pelo menos uma vez por semana. “Não sinto mais dores, consigo dormir melhor, estou mais relaxado e menos ansioso. A melhora nas relações sociais é uma conseqüência”, afirma. Fukunaga é paciente de Anmá e Shiatsu da Clínica Oriental de Massagem e Acupuntura. “Fiquei muito satisfeito. O resultado sobre as dores é imediato”, afirma.

O depoimento se assemelha ao da maioria daqueles que já experimentaram o efeito de ter o corpo sob os cuidados de um bom terapeuta. Talvez esse seja o motivo de tamanha popularidade: eficiência sem muito esforço. A explosão da massagem se confirmou quando quiosques de quick massage se instalaram pelos corredores de shoppings centers e outros locais públicos.

Não é à toa. O modelo de quick massage, criado nos últimos 10 anos, surgiu em decorrência da necessidade que a pessoas estressadas pelo excesso de trabalho e sem tempo livre tinham de relaxar. Por isso, é possível enfatizar, em cerca de 15 minutos, os pontos principais estimulados pelas outras massagens, que geralmente duram uma hora. O resultado é tão bom que as empresas contrataram terapeutas para oferecer a terapia a seus funcionários. Tais programas de qualidade de vida aumentam a disposição do trabalhador, e isso se reflete diretamente na produtividade.

Mas a massagem vem sendo procurada também por aqueles que querem curar males físicos. O shiatsu, por utilizar a pressão dos dedos e da mão na região dos meridianos do corpo, linhas imaginárias que possuem pontos-chave de energia, é um dos mais procurados. É também uma das massagens mais fortes, por isso não é indicado para idosos. Por mexer com o “ki”, energia vital para os japoneses, o shiatsu também interfere nas emoções. Atua na enervação periférica, influencia todos os órgãos viscerais e a circulação.

A massagem também é boa para a hipertensão. “Por fazer com que os vasos dilatem, o shiatsu permite diminuir também a pressão mínima (diastólica). Os medicamentos, muitas vezes, só conseguem diminuir a máxima (sistólica)”, explica o dr. Tadamassa Yamada. Em alguns casos, a massagem tem se revelado uma maneira de prevenir derrames e infartos, embora pouca gente a utilize para essa finalidade.

Criado pelo terapeuta Harold Dull há cerca de 20 anos, nos Estados Unidos, o watsu alia as técnicas do shiatsu aos benefícios da água. O paciente é carregado pelo terapeuta em uma piscina aquecida e recebe a massagem. Por criar uma sensação de acolhimento, muitas vezes comparada ao útero materno, o watsu age mais no lado psicológico do paciente. “O watsu promove o autoconhecimento emocional e corporal”, diz a watsuterapeuta Priscila Takara. “Mas não interfiro no trabalho médico. Peço para os pacientes não interromperem seus tratamentos”.

A reflexologia, massagem na planta dos pés, segue o mesmo princípio dos pontos-reflexos que atuam sobre todos os órgãos, vísceras, e, dizem os adeptos, na parte psicológica e espiritual. Já o anmá é mais procurado para o relaxamento. O amassamento dos músculos, deslizamentos e seus movimentos suaves são mais relaxantes que as outras massagens e não tem contra-indicações.

A massagem é capaz de prevenir derrames e infartos”, Dr. Tadamassa Yamada

Ânimo renovado

Welison Calandria/Made in JapanApenas 15 minutos foram suficientes para mudar a vida e a rotina da coordenadora técnica de produto Marie Tsuda Takata. Há pouco mais de um ano, ela é adepta da quick massage, terapia que utiliza ao menos uma vez por mês como forma de aliviar o estresse.

Aos 30 anos, Marie se enquadra no perfil da maioria dos trabalhadores: ânimo e saúde abalados pelo desgaste do emprego. Ela já conhecia o médico acupunturista Tadamassa Yamada, diretor da Clínica Oriental de Massagem e Acupuntura, local que freqüenta antes de experimentar a massagem. Com incentivo do namorado, resolveu tentar. E não parou mais. Ela aproveita o horário do almoço para visitar a unidade localizada no Shopping Ibirapuera, próximo ao local onde trabalha. “Dá um pique para continuar a parte da tarde”, conta. “Ou então passo depois, para reanimar. Mas utilizo mais em benefício do trabalho”.

Os benefícios vão desde o aumento de concentração e alívio da tensão muscular até a sensação de paz e calma interior. “A massagem me dá calma e paz interior. Acho até que preciso ir mais vezes”, brinca.

Yoga

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Sequencia de ásanas na coreografia da Swásthya yoga, uma das mais praticadas no Brasil

Para que serve
O yoga é bastante utilizado para se obter o autoconhecimento, mas o trabalho de flexibilidade, fortalecimento muscular, aumento de vitalidade e administração do estresse também são alguns dos objetivos. É recomendado para quem deseja conseguir um bom funcionamento dos órgãos vitais, administrar melhor as emoções, repor energias e buscar uma melhor qualidade de vida

Respiração controlada, corpo em posições inusitadas, que exigem força, e profunda concentração mental. O yoga muitas vezes pode ser confundido com exercícios de malabarismo, mas é muito mais que malhação. Os adeptos consideram uma filosofia capaz de promover o autoconhecimento e um estado de hiperconsciência denominado Samádhi.

Técnica originada na Índia há mais de 5 mil anos, possui diferentes linhagens e inúmeros ramos. Eles são completamente diferentes e mesmo incompatíveis entre si. Cada um deles tem diferenças e peculiaridades, é verdade, mas a filosofia de vida é composta por técnicas de respiração, meditação, técnicas corporais e mentais.

“Os estágios finais do yoga incluem a capacidade de concentração, em um estágio posterior, o desenvolvimento da hiperconsciência e megalucidez. Esse estado de consciência expandida conduz ao autoconhecimento. Como yoga é uma filosofia prática, não teórica, esses estados mais que definidos devem ser vivenciados pelos praticantes”, afirma Marcos Taccolini, vice-presidente da Federação de Yoga de São Paulo e diretor da Universidade de Yôga Uni-Yôga. Fundada pelo Mestre De Rose, a universidade forma profissionais em Swásthya Yoga, o yoga pré-clássico.

Welison Calandria/Made in JapanPraticante da Swásthya Yoga em ação: equilíbrio e força na busca do autoconhecimentoDe acordo com Taccolini, os trabalhos da flexibilidade, fortalecimento muscular, aumento de vitalidade e administração do estresse devem ser encarados apenas como consequências do objetivo maior. “Tais benefícios não passam de efeitos colaterais, simples conseqüências secundárias, meras migalhas que caem da mesa principal”, exemplifica.

De fato, yoga, transcrição do sânscrito, significa união – do corpo e da mente. Apesar disso, é impossível negar que o número de praticantes segue em movimento ascendente, em parte, devido aos diversos atrativos que a filosofia oferece. A professora de Hatha Yoga, com metodologia Iyengar, Márcia Jorge do Amaral, acredita que a filosofia pode ser encarada como um meio de alcançar uma vida melhor. “Atingir a hiperconsciência é muito difícil. É preciso ser orientado por um mestre responsável, que já a tenha alcançado para chegar a esse estágio. Aqui no Brasil, se conseguirmos obter uma boa saúde, temos um ótimo resultado”, afirma. Segundo ela, por meio do yoga, utilizando o corpo como veículo para dominar a mente, é possível conseguir um bom funcionamento dos órgãos vitais, administrar melhor as emoções, repor energias, e aconselha a prática àqueles que almejam melhorar a qualidade de vida. “A pessoa pode ser considerada um yogue quando ela tiver plena consciência de sua potência interna e como isso vai refletir nos outros externamente”, diz Regina Shakti, fundadora do Krishna Shakti Ashram.

Seja qual for o intuito pelo qual iniciaram a prática, milhares de pessoas no Brasil conhecem seus efeitos. Tanto que as variações chegaram a locais que vão desde academias até a cursos de especialização em faculdades. Diante de tantas opções, vale pesquisar qual tipo de yoga melhor atende às suas aspirações mentais, físicas e espirituais.

Modalidades de Yoga

    Swásthya Yoga: é praticado pelo Mestre De Rose e seus seguidores. Executa as técnicas corporais sincronizadas, permitindo a existência de coreografias.

    Raja Yoga: possui um número maior de técnicas mentais do que outras modalidades.

    Mantra Yoga: como já diz seu nome, a ênfase é dada aos mantras (vocalização).

    Kundalíni Yoga: visa o despertar da energia que leva o seu nome (kundalíni).

    Ashtánga Yoga, yoga clássico: muito popular e difundido na Índia. Hoje o nome está sendo utilizado erroneamente para práticas que visam mais os exercícios físicos.

    Hatha Yoga: consiste em técnicas corporais, respiratórias e relaxamento. Deu origem à variedade lecionada pelo professor B. K. S. Iyengar.

    Power Yoga: criado nos Estados Unidos, visa o desenvolvimento físico.

“Como yoga é uma filosofia prática, não teórica, os estados de hiperconciência e magalucidez devem ser vivenciados pelos praticantes”
Marcos Taccolini, diretor da universadade de Yôga Uni-Yôga

Skate e Hatha-Yoga

Welison Calandria/Made in JapanQuando começou a praticar yoga, Marcos Hiroshi Ito, 25 anos, tinha uma única intenção: melhorar o preparo físico, a flexibilidade e o alongamento. Não imaginava que se beneficiaria com muitos outros efeitos da filosofia. “Tinha apenas uma vaga idéia sobre o trabalho de respiração e concentração.

No final, isso acabou sendo o mais importante”, afirma. A diferença é que Hiroshi conheceu melhor o yoga em um local pouco provável: em uma competição de skate. Durante um campeonato, o colega e também skatista profissional, Felipe Nagano, que tem patrocínio da Uni-Yôga, Universidade de Yôga presidida pelo mestre De Rose, apresentou-lhe os benefícios da prática. Mesmo assim, ele ficou dois anos apenas lendo matérias e pesquisando até decidir iniciar as aulas de Hatha-Yoga no Espaço Yoga Márcia Amaral. “Antes da competição, ficava muito ansioso.

No desespero de andar bem, ficava afobado e perdia muita energia. Quando chegava a hora de fazer minha volta, já estava cansado”, conta. Por isso, ele resolveu procurar a filosofia e aprender a respirar corretamente, com calma e concentrar-se para as manobras. “Ajudou pra caramba. Chegava na volta e ainda estava inteiro”, lembra. Após aprender as técnicas de respiração e adquirir um melhor condicionamento físico, seu desempenho foi o melhor em mais de seis anos de competição. Os resultados são prova disso: Hiroshi ficou em terceiro lugar no ranking do Circuito Mineiro de Skate Amador Twister/ Fuska 2002. “Depois que comecei a praticar yoga, tudo mudou muito rapidamente.

O ano passado foi o de melhores resultados”, diz. Outros benefícios também começaram a ser notados além da disposição causada pela atividade física. “Era mais nervoso, aprendi a me controlar e a ficar calmo”, conta. O problema de coriza, devido à rinite, também foi solucionado com uma técnica de limpeza e respiração. Neste ano, Hiroshi ainda não participou de nenhum campeonato, mas garante que vai recorrer ao yoga e seu conjunto de benefícios.

Meditação

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Sala de meditação no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo: em breve, a prática estará presente também nos postos de saúde da cidade

Para que serve
Autocontrole, redução de estresse, doenças psicossomáticas (originárias de distúrbios emocionais), hipertensão, diabetes, TPM, problemas digestivos, entre outros
Ao contrário de outras terapias, o objetivo da meditação não é exatamente curar alguma coisa. Por esse motivo, alguns não consideram, a princípio, uma terapia. No entanto, meditar significa obter maior auto-controle e, daí, ter benefícios que já estão comprovados cientificamente. Evitar o estresse, a depressão, as doenças psicossomáticas, o diabetes, a hipertensão, a insônia, a TPM, a gastrite, entre muitos outros problemas, são conseqüências da meditação.

Já se foi o tempo em que meditar era hábito somente dos monges budistas. Hoje em dia, a prática cresce entre os médicos ocidentais e já está sendo aplicada em hospitais, como suporte aos métodos terapêuticos convencionais. E não é só isso: em breve, a meditação estará presente em postos de saúde da cidade de São Paulo e, espantem-se, até na Polícia Militar do município. O objetivo é divulgar as práticas meditativas a toda comunidade, que poderá aprender a meditar gratuitamente.

A iniciativa não é sem propósito: um estudo canadense indicou que, após seis anos, os gastos de despesas com saúde entre as pessoas que praticam a meditação caíram 30%. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, fizeram um teste entre pacientes com câncer em estado avançado. Os enfermos foram separados em dois grupos, ambos recebendo tratamentos convencionais. Contudo, apenas um deles praticou também a meditação. Nesse grupo, a sobrevida dos pacientes foi de cerca de 18 meses superior à dos que não meditavam.

“Meditar não é uma técnica de relaxamento, pois o objetivo não é somente descansar”, afirma a bióloga Elisa Harumi Kozasa, que desenvolve pesquisa sobre o assunto na Unifesp. Segundo Elisa, a meditação leva o ser humano a transcender para um estado de superconsciência, conhecido há muito tempo pelos budistas. Nesse estado, o ser humano tem:

  • Uma diminuição de cerca de 20% do consumo de oxigênio.
  • Queda do nível de lactato no sangue; esse mesmo nível sobe nas situações de estresse.
  • Liberação de endorfina, hormônio que serve de calmante natural.
  • Aumento dos níveis de serotonina, responsável pelo prazer e pela alegria.

“A meditação modifica a leitura do mundo”, garante o acupunturista Jou Eel Jia, um dos fundadores da sala de meditação do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM). Jia também está envolvido no ensino da meditação para a PM paulistana. Outro fundador da sala do HSPM, o pediatra Norvan Leite, está ministrando um curso para os médicos dos postos de saúde do bairro da Lapa, em São Paulo. “O objetivo é espalhar para as unidades da cidade inteira”, afirma. As técnicas usadas pelos dois médicos – e a mais difundida no Brasil – é a meditação Ch’an Tao, linhagem budista que recebeu o nome de Zen no Japão. O professor de meditação e religioso Moacir Mazzariol Soares explica a ligação: “Para nós, meditar é um meio para obter a iluminação, o autoconhecimento”.

Para quem quiser tentar, vale lembrar que meditar é um exercício de persistência e paciência. É uma prática que requer concentração – a mente deve ser esvaziada de todos os pensamentos, tornando-se, por alguns momentos, oca por dentro e resistente por fora, exatamente com um bambu.

É importante não confundir o estado meditativo com o sono, motivo pelo qual é recomendável que se medite sentado. O tempo médio recomendado é de 10 a 20 minutos, de preferência todos os dias. A posição de lótus, com as as mãos postas em forma de concha, as pernas cruzadas e os olhos semifechados, não é a única possível, tratando-se apenas de uma recomendação. No início, pode-se procurar um orientador para auxiliar na prática, que requer apenas um pouco de boa vontade para ser iniciada.

A meditação modifica a leitura do mundo”, Dr. Jou Eel Jia

Longe dos remédios

Welison Calandria/Made in JapanA nikkei Mitie procurou a meditação há dois anos, pois nunca gostou dos remédios convencionais. “Sempre usei outros tipos de medicamentos, como os homeopáticos”, conta. Sentia os reflexos do estresse física e psicologicamente, o que a levou à tentativa de meditar. No entanto, esbarrou nas dificuldades de conseguir atingir o estado de vazio total e abandonou a técnica.

Há três meses, Mitie voltou a sentir os sintomas de dois anos atrás. Lembrou-se então da paz e da tranquilidade que havia sentido nas experiências que teve com a meditação. Resolveu tentar mais uma vez. Procurou o Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM) e passou a freqüentar as aulas da doutora Eliana Bertini Ruas, com as quais está voltando, aos poucos, às práticas meditativas. “É difícil controlar os pensamentos, principalmente nos dias mais agitados”, diz Mitie, que dessa vez pretende continuar no tratamento.

Uma das colegas de aula de Mitie, Maria Lígia Porchat de Assis, de 54 anos, reforça: “Tem que estar muito determinado a prosseguir. Mas os resultados são bons, tanto que hoje eu consigo controlar e filtrar meus pensamentos. Lido melhor com as minhas preocupações”. Em conjunto com a meditação, os pacientes do HSPM fazem também a ginástica terapêutica chinesa lian gong, que trabalha a parte física dos participantes.

Reportagem: Erin Mizuta, Ricardo Ueno e Thiago Amaral Minami

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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