Vítimas do desastre de 2011 explicam que a reconstrução das cidades ainda está em processo
Ele trouxe algumas fotos da região para mostrar que em toda a vizinhança, apenas dez construções conseguiram suportar o impacto. Por sorte, a sua casa foi uma delas, mas todo o resto foi destruído pela força da água e do terremoto. “Toda essa região (disse ao apontar para a foto) era ocupada por casas e tudo se foi”, revela. As casas que foram arrastadas começaram a pegar fogo e, mesmo duas horas depois, quando o fluxo de água já tinha estabilizado, a cidade continuava alagada.
A cidade tinha cerca de cinco mil habitantes e pelo menos 800 pessoas morreram. “Muitas foram pegas de surpresa”, lembra Matsumoto ao explicar que o alarme da cidade não foi acionado porque o prédio onde o botão estava danificado por causa do tremor.
Apesar de ter visto, pela primeira vez, um desastre desta proporção, o empresário defende a reconstrução da cidade e diz que voltaria para Yuriage. O retorno à cidade divide opiniões e tem pessoas que sequer querem voltar a viver perto do mar.
Hoje, ele mora em um apartamento e os pais e avós moram em abrigos fornecidos pelo governo. Para Matsumoto, pelo menos metade dos moradores gostaria de voltar mas não consegue. “Essa divisão de pensamentos também acaba atrasando o processo de reconstrução das cidades”.
“Depois do terremoto, houve um intervalo de cerca de uma hora até que o tsunami invadisse a cidade. Para as pessoas que moravam na mesma região, mesmo que retornem, é possível voltar a viver com a tranquilidade. Mesmo que haja outro terremoto grande, há tempo suficiente para fugir, pois a vida é mais importante que bens materiais”, defende Matsumoto.
Yasuhiro Matsumoto veio para o Brasil a convite do Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil) para compartilhar suas experiências como um dos sobreviventes do terremoto e tsunami que atingiram o Japão em março de 2011. Matsumoto veio acompanhado de mais duas vítimas, Kayoko Owada, de Iwate e Kazuhiro Amano, de Fukushima.