Sushi: história e receita
Surgido há quase dois mil anos como uma simples forma de conservar peixes, o sushi se tornou o prato mais famoso da gastronomia japonesa no mundo, sinônimo de requinte e sofisticação.
Chris Duran, cantor | Sandy, cantora | Eduardo Moscovis, ator |
Gisele Bündchen, modelo | Leila Lopes, atriz | Eliana, apresentadora |
Xuxa, apresentadora | Mariana Kupfer, apresentadora | Suzana Alves, modelo |
Responda rápido: o que as personalidades acima tem em comum? Pelas fotos, é fácil perceber. São todas devoradoras assumidas de sushi. Na festa de aniversário de 20 anos da cantora Sandy, decorada em estilo oriental, o prato japonês era o destaque do cardápio. Quando a apresentadora Xuxa quer comer um sushi, contrata um sushiman particular para ir à sua mansão, no Rio de Janeiro.
Prato predileto de nove entre dez famosos, comer sushi no Brasil virou sinônimo de requinte, vida saudável, bom gosto. Enfim, ser moderno. Tanto que, em uma noite agitada de sábado, as mesas dos restaurantes nipônicos em bairros badalados, como Itaim Bibi, Vila Olímpia, Pinheiros, Jardins e Moema, em São Paulo, são alguns dos lugares mais valorizados da cidade. Para que se possa sentar confortavelmente e apreciar uma comida japonesa saborosa, a fila de espera chega a quase duas horas. Lá dentro, uma clientela jovem, eclética e bonita se acomoda para, finalmente, começar o deleite dos deliciosos sushis. Não custa barato, mas, mesmo assim, o que não falta são clientes – podem ser até 400 em uma única noite, num único local.
Sushi
A tradição
É claro que o sushi nem sempre desfrutou esse prestígio internacional. No começo do século 19, um comerciante de Tokyo, chamado Hanaya Yohei, fazia muito sucesso graças a uma idéia aparentemente simples, mas que ninguém ainda havia tido: transformou sua carroça em um quiosque, onde trabalhadores apressados podiam comprar niguirizushis, pequenos bolinhos de arroz cobertos com fatias de peixe cru – uma comidinha rápida e barata, que hoje nós chamamos de sushi.
O senhor Yohei, no entanto, não foi o inventor do sushi. É bem provável que o prato (não há muito consenso a respeito) tenha surgido no Sudeste Asiático, pouco depois do nascimento de Cristo, quando os nativos prensavam fatias de peixe cru sobre o arroz cozido, para que liberasse ácido lático e fosse evitada a putrefação da carne. A técnica acabou chegando ao Japão cerca de 800 anos depois, onde foi aperfeiçoada e fez tanto sucesso que acabou se tornando o símbolo da sua culinária (uma história longa demais para ser contada nesta matéria). Portanto, voltemos ao senhor Yohei e sua barraquinha de sushis. Não demorou muito para que centenas de comerciantes copiassem a idéia, que se proliferou rapidamente pelas ruas japonesas. Mais alguns anos, e o fenômeno da imigração se encarregaria de levar o sushi para outras terras, bem mais distantes. Atravessando o Oceano Pacífico, os emigrantes passaram pelo Havaí e foram parar na costa oeste norte-americana – já ouviu falar de um tal sushi Califórnia? Pois é…
Um pouco mais para baixo do globo, em 1908, quando os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil, a comida era um problema tão grande quanto o idioma. Dá até para imaginar os passageiros do navio Kasato Maru desembarcando no porto de Santos e pensando “onde vamos arranjar sushis decentes por aqui?” Os primeiros restaurantes que começaram a servir comida japonesa surgiram na década de 20. Mas, até os anos 70, eles costumavam ser freqüentados apenas por japoneses e seus descendentes. Então, em 1975, foi inaugurado o luxuoso restaurante Suntory, em um bairro chique de São Paulo. “O Suntory foi o primeiro a oferecer uma culinária japonesa refinada para a clientela ocidental. Assim, ele acaba atraindo um público selecionado, rico e formador de opinião”, explica o jornalista e crítico gastronômico Arnaldo Lorençato. Em uma análise um pouco simplória, é esse público elitista que será o responsável pela divulgação da gastronomia nipônica no Brasil.