Conteúdo da Made in Japan #065

Mangás

Samurai X

As batalhas que culminaram no fim do xogunato, a perda de poder dos samurais e a Restauração Meiji

Edição especial Rurouni Kenshin – Samurai X

Lançado em 1997, no Japão, sob o título de Rurouni Kenshin, Samurai X, de Nobuhiro Watsuki, foi publicado originalmente nas páginas da revista Shonen Jump, da Editora Shueisha, e chegou ao Brasil em 2001.

O mangá narra as aventuras de Kenshin Himura, um samurai que, depois de matar incontáveis inimigos no Bakumatsu, guerra que deu fim ao regime de xogunato no Japão, fez a promessa de nunca mais matar. Sua fama de sanguinário – que lhe rendeu o apelido de Battousai, o Retalhador – e o passado de lutas, porém, não deixam o samurai em paz. Mesmo tendo se tornado um pacífico andarilho, Kenshin enfrenta novos inimigos.

O fim da era dos samurais

Samurai X retrata um dos principais momentos da história do Japão: o fim do poder dos xoguns. A transformação começa no século 15, quando o xogunato de Ieasu Tokugawa fechou a maioria dos portos para os navios estrangeiros. Seguiu-se um período de prosperidade e paz no arquipélago. Com isso, os samurais deixaram as armas e se dedicaram a serviços burocráticos.

Com a reabertura dos portos, em 1853, o xogunato Tokugawa mostrou-se inapto a lidar com essa nova realidade, o que desencadeou uma série de eventos que culminaram na Restauração Meiji, de 1868.

A nova era da história japonesa trouxe a modernidade e o fim do regime de xogunato. Foi também a decadência da soberania dos samurais. Depois de combater o xogunato, o personagem Kenshin foi proibido de usar sua espada, com o advento da era Meiji (1868-1912).

Tanto o lendário Battousai como seus rivais – Hajime Saitou, Aoshi Shinomori e Makoto Shishio – são semelhantes aos veteranos da guerra do Vietnã, que receberam glórias no período de combates, mas foram marginalizados ao final da guerra. Os samurais que aparecem no mangá são figuras socialmente deslocadas, que não encontram seus lugares na nova realidade.

Inu-yasha

As lendárias criaturas do Japão medieval e o Sengoku, o período das guerras civis

manga_Inu-Yasha_Publicado em 1996, no Japão, pela Editora Shogakukan, e desde, 2002, no Brasil, Inu-Yasha é uma das obras de maior sucesso da renomada Rumiko Takahashi. O mangá conta a história de Kagome, uma jovem estudante que foi parar na Idade Medieval japonesa, povoada por humanos e youkais, um tipo de demônio. Lá, a garota viu-se obrigada a libertar Inu-Yasha, um jovem meio-youkai que desejava tomar para si a lendária Jóia de Quatro Almas, um amuleto que permite que ele se torne um youkai de verdade.

Um século de guerras

A Idade Medieval Japonesa é dividida em duas eras, o Período Kamakura (1185-1333), governado pelo clã Minamoto e o Período Muromachi (1333-1568), governado pelo clã Ashikaga. Foi uma época em que o poder passou das mãos da família imperial – ainda mantida com poder simbólico – para as mãos dos xoguns e das famílias guerreiras. Entre 1467 e 1568, o Japão passou por guerras intermitentes, que duraram um século, em um período denominado Sengoku, ou período de guerras civis. Foi nessa época de batalhas, fome e incertezas que se passam as aventuras de Inu-Yasha.

Criaturas fantásticas

Youkai, Mononoke e Ayakashi são nomes que designam as criaturas folclóricas do Japão. Elas podem ser monstros nocivos ao homem, como a Mukade (Centopeia), que captura e devora viajantes nas montanhas. Mas isso não é regra. Algumas dessas criaturas podem somente pregar peças, como os texugos e as raposas. Rumiko Takahashi aproveita-se desse rico folclore para criar o fascinante mundo de Inu-Yasha.

O protagonista da história, por exemplo, é filho de um cachorro-demônio. De acordo com a crendice popular, os cachorros são espíritos poderosos que possuem e amaldiçoam as pessoas, levando-as à loucura.

A Mulher Centopeia, que surge na primeira aventura do mangá, também tem origem nas lendas de centopeias-monstros. Em Inu-Yasha, o protagonista e a garota Kagome também encontram kappas (criaturas aquáticas) e raposas místicas.

A princesa e o cavaleiro

A sucessão em uma monarquia na qual somente os homens podem assumir o trono

Criado pelo mestre dos mangás, Osamu Tezuka, A Princesa e o Cavaleiro é um dos maiores clássicos dos quadrinhos japoneses. A história narra as aventuras de Safiri, uma bela e meiga princesa que é obrigada a se passar por príncipe devido às rígidas leis de seu reino, a Terra de Prata. Além disso, a heroína precisa escapar dos planos do Duque Duralumínio e do Senhor Nylon, que tentam a todo custo desmascará-la. Para piorar, ela se apaixona pelo príncipe Franz, da Terra do Ouro, que acredita que ela é um rapaz.

Publicado pela primeira vez no Japão em 1953, o mangá foi reeditado por Tezuka 10 anos depois. Essa versão, que também serviu de base para a produção do desenho animado A princesa e o cavaleiro, em 1967, foi publicada pela primeira vez no Brasil em 2002.

Família imperial

Um traço da influência dos costumes japoneses nos mangás pode ser encontrado em A Princesa e o Cavaleiro. No caso, a proibição de uma mulher (Safiri) de assumir o trono do reino da Terra da Prata é uma nítida alusão às regras que envolvem a família imperial japonesa. Assim como na obra-prima de Osamu Tezuka, desde 1948 vigora no Japão uma lei que estabelece que apenas herdeiros do sexo masculino podem ascender ao topo da hierarquia imperial nipônica.

Teatro Takarazuka

Influência teatral

A influência do teatro Takarazuka no trabalho de Tezuka é notória. Conta-se que a mãe do artista era fã de carteirinha e o levou ainda jovem para assistir às apresentações. Fundado em 1914, na cidade de Takarazuka, perto de Osaka, esse teatro é representado exclusivamente por mulheres, mesmo os papéis masculinos. Os espetáculos misturam elementos ocidentais e orientais, trazendo um mundo de sonho e fantasia ambientado em lugares exóticos fora do Japão.

Tezuka ficou fascinado com o teatro. Dizem que os olhos muito maquiados e intensificados pelas luzes das atrizes inspirou o mestre na criação dos olhos grandes e amendoados, tão característicos no mangá japonês até hoje.

Dragon ball

Disciplina, treinamento e persistência para alcançar a perfeição nas artes marciais

Obra máxima do mestre Akira Toriyama, Dragon Ball começou a ser publicado em 1984, no Japão, e só foi encerrado em 1995. A obra chegou às bancas do Brasil em 2000. Dragon Ball conta a saga vivida por Son Goku, garoto puro, ingênuo e extremamente poderoso que, um dia, se encontra com Bulma, uma adolescente esperta que procura as Esferas do Dragão. Segundo a lenda, essas esferas unidas convocam o deus dragão Shen Long, que concede um desejo a quem o evocou.

A fase inicial do mangá é pura comédia, enquanto a segunda parte é aventura. No Brasil, Dragon Ball ficou mais famoso graças à segunda fase – conhecida como Dragon Ball Z -, que traz muita ação e lutas eletrizantes envolvendo Goku, já adulto, e seus inimigos.

Artes marciais

Em sua fase inicial, Dragon Ball é claramente inspirado em filmes de kung fu e artes marciais, estilo cinematográfico que faz grande sucesso no Japão. O rígido treinamento de Goku e Kurilin junto ao mestre Kame antes do Torneio de Artes Marciais é retratado com bom humor, mas denota a importância das artes marciais na sociedade nipônica.

A máxima de que, para ser bom em alguma coisa, é preciso treinar, treinar e treinar está presente no mangá. Trata-se da busca incessante pelo aperfeiçoamento – característica das artes marciais.

Disciplina, dedicação e esforço, qualidades desenvolvidas nas artes marciais como o caratê, judô, aikidô e kendô, já fazem parte do modo de ser dos japoneses, de tão arraigadas que estão na cultura do país.


Reportagem: Arnaldo Massato Oka e Marcelo Del Greco

Matéria publicada na edição #65 da Revista Made in Japan

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (25/04/2024)
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