Karaokê
Joe Hirata
Vencedor de concurso no Japão, gravou CD e faz shows no Brasil
Joe HirataNatural de Curitiba (PR), desde muito cedo Joe Hirata se apresentava como cantor mirim pelo interior e, ainda pequeno, já deixava afônica a concorrência, que assistia àquele menino faturar todos os títulos de tai kais da região. Quando ficou mais velho, surgiu a oportunidade de ir para o Japão e fazer carreira como cantor. Era 1988. Seis anos depois, deixou para trás 80 mil concorrentes e conquistou o cobiçado título do NHK Grand Champion Tai Kai, um dos mais importantes concursos japoneses. “Foi uma emoção muito grande pisar naquele palco. Para mim, era o ponto máximo. E eu ganhei o concurso! No dia seguinte, nas fábricas, os japoneses comentavam: ‘Poxa! Você viu quem ganhou o concurso ontem? Foi um brasileiro’. Acho que de certa forma consegui plantar uma imagem positiva do dekassegui”.
Joe se orgulha também de ter mostrado aos dekasseguis cantores que era possível vencer no Japão.
Nessa mesma época, porém, a mulher de Joe estava no Brasil e tinha acabado de ter um filho, que ele ainda não havia visto. Veio para o Brasil e deixou a carreira de lado para, 3 anos depois, voltar ao Japão e lançar um single. Em 1999, gravou seu primeiro CD em português, Sonho de um brasileiro. O estilo de Joe é um country à brasileira. Mas ele não esquece as origens: sempre que pode, leva os amigos a um karaokê qualquer e se diverte soltando a voz com canções japonesas que, tempos atrás, fizeram parte de sua história.
Kendi Yamai
Dos palcos para as novelas, comerciais de TV e cinema
Kendi Yamai começou a cantar por acaso, quando faltaram concorrentes para um campeonato de canto de sua escola e o chamaram, mais para preencher tabela. No fim, ele ganhou o concurso e ainda foi convidado a participar dos campeonatos de karaokê da colônia. “Sem querer, descobri que cantava bem”, afirma.
Kendi YamaiRapidamente, ele passou a colecionar troféus e foi convidado por uma gravadora japonesa para ir ao Japão e iniciar uma carreira profissional. Gravou discos e chegou a se apresentar para públicos de até 70 mil pessoas. Hoje, investe em uma carreira diferente, como ator e apresentador. Seu rosto estampa campanhas publicitárias nas revistas e na TV. Kendi também atuou em novelas, como Pícara sonhadora, do SBT, e participa do filme Gaijin 2, de Tizuka Yamazaki, ainda sem data de estréia nos cinemas.
Melissa e Marcos Manako, Karen Ito, Joe Hirata e Kendi Yamai foram fotografados por Claus Stellfeld. Produção de moda: Raphael Mendonça. Assistente de produção: Francine Taulois. Hair e make-up: Neto Cassab, Molinos & Trein
Calouros de sucesso
Dentre as promessas musicais que o karaokê ajudou a revelar, está Adriana Mayumi, que participa de concursos desde os 10 anos, interpretando canções de Akina Nakamori e Seiko Matsuda. “Comecei a cantar aos 8 anos. Nunca cantei música de criança, sempre interpretei canções de adulta, desde pequena”, conta Mayumi, que já se apresentou em programas de TV.
Humberto Kenji é outro nome revelado nos torneios de karaokê. Kenji, que é de Marília (SP), reconhece que a experiência em karaokês foi importante para aprimorar seus dotes musicais. “Nos anos em que participava dos concursos de músicas japonesas, tive professores que me ajudaram muito. Eles foram fundamentais para algumas correções de vocal e postura”, diz.
Com tanta dedicação, não será novidade se essas estrelas vindas dos karaokês se juntarem à dupla Melissa e Marcus Manako, Joe Hirata, Karen Ito, Kedi Yamai e à pequena Sayuri como os mais novos sucessos musicais do Brasil. Talento é o que não falta.
Sayuri
A estrela do novo Trem da Alegria
Nove anos, corpo miúdo e um talento enorme. Caroline Sayuri Oishi ainda é uma menininha pequena e graciosa. Mas, quando menos se espera, ela começa a cantar – e canta que é uma barbaridade. Sua mãe percebeu o talento nato e tratou de levar a menina aonde ela poderia soltar a voz à vontade: aos karaokês. Neles, Sayuri aprendeu os macetes de cantar em japonês, fez fama entre a comunidade nikkei e arrebatou o título de campeã brasileira de karaokê, em 2000. “Quando ganhei, foi legal”, diz ela. “Só que, quando comecei a cantar (na final), eu quase errei a letra (risos).”
Indicada pelo apresentador Raul Gil para integrar a nova formação do clássico grupo infantil Trem da Alegria, Sayuri superou mais de 150 candidatos na busca por uma das quatro vagas disponíveis. Hoje, ela faz shows e aparições na TV pelo País. Embora seu repertório seja quase totalmente nacional, Sayuri costuma dar uma canja, em japonês, nos programas de TV dos quais participa. Não dá outra. A platéia delira.
Sayuri foi fotografada por Claus Stellfeld. Produção de moda: Drica Cruz. Hair e make-up: Cydha Araujo.
Reportagem: Arnaldo Oka, Ivan Arasaki, Leonardo Nishihata, de São Paulo, e Marianne Nishihata, de Tokyo
Matéria publicada na edição #63 da Revista Made in Japan