Karaokê
Estrangeiros se divertem em karaokê aberto: ideal para quem gosta de platéiaInvenção quase por acaso
A palavra karaokê é uma fusão de dois termos japoneses: karappo, que quer dizer “vazio”, e oke, abreviação de okesutura, que significa “orquestra”. A idéia do inventor do hobby, o japonês Daisuke Inoue, era justamente essa: reproduzir os sons, como em uma orquestra, mas sem a presença física dos instrumentos. Nascido em Osaka, em 1940, Inoue era integrante de um grupo musical em Kobe, com mais seis colegas.
A invenção do karaokê foi quase por acaso. Em 1971, Inoue criou uma caixa acústica, uma jukebox, em que podiam ser reproduzidos tapes gravados. Certa noite, um dos clientes do bar em que o grupo de Inoue tocava pediu uma música, mas o baterista havia faltado. Foi a chance de o músico colocar seu invento para funcionar. A engenhoca deu certo e virou sucesso nacional.
Prédio de karaokê box no bairro de Ikebukuro, em Tokyo: música e diversão dia e noitePor dentro dos karaokês
No Japão, é possível encontrar um karaokê praticamente em cada esquina. A maioria deles fica situada em prédios, onde ocupam andares inteiros. São os chamados karaokê box, salas fechadas em que um grupo de pessoas pode cantar com privacidade, sem platéia. O primeiro karaokê box surgiu em 1984, em um campo de arroz da cidade de Okayama, e popularizou-se rapidamente. Há também os karaokês abertos, ao estilo dos barzinhos com karaokê do Brasil, com um palco e microfones à disposição de quem se habilita a encarar o público. Muitos karaokês funcionam 24 horas por dia. Em bairros boêmios, como Roppongi, em Tokyo, é comum dar uma esticada ao karaokê depois da balada nas discos. Enquanto cantam, os japoneses aguardam o horário de funcionamento dos primeiros trens para voltar para casa.
Em média, o preço por hora em um dos karaokês box fica em torno de 700 ienes (5,7 dólares) à noite, e 300 ienes (4,1 dólares), no horário de almoço. Todos os estabelecimentos contam com um estoque de bebidas alcoólicas, drinques e aperitivos. Os comes e bebes, claro, são cobrados à parte.
Karen Ito
Títulos nos concursos e um CD gravado no Japão
Aos 7 anos, Karen Ito já ensaiava as primeiras músicas para participar dos concursos de karaokê dos Associados Três Coroas, na Ponte Rasa, Zona Leste de São Paulo. Os ensaios ocorriam às sextas-feiras à noite, e não demorou para que a menina de voz afinada começasse a acumular títulos. “Para treinar, usava uma escova de cabelos ou uma caneta como microfone e ficava na frente do espelho”, lembra.
Karen ItoFã de Seiko Matsuda e Akina Nakamori, em 1986, Karen venceu o Concurso Nacional de Música Japonesa da ABRAC (Associação Brasileira da Canção Japonesa), mais conhecido como Brasileirão. No mesmo ano, no Japão, levou o troféu de Melhor Intérprete Estrangeira do Nihon Amachiya Kayo, competindo com cantores de várias partes do mundo. Voltou ao Japão em 1987 para estudar canto e gravou o CD Tokio Namorado, no qual canta em japonês e pronuncia algumas frases em português. Tudo isso graças aos tai kais.