Katsuhiro Otomo, o início da carreira e Akira
Katsuhiro Otomo é o mangaká responsável por uma das obras de maior sucesso no universo dos mangás. Em entrevista para a Forbes, ele contou detalhes sobre como tudo começou, desde sua paixão pelos mangás até o sucesso atual.
Nascido em uma região do interior do Japão, no norte da província de Miyagi, ele revelou como isso o ajudou a se apaixonar mais pela arte. “Eu sou de Tohoku, norte do Japão, lá é uma região muito rural então eu não tinha muito o que fazer durante a infância e lia muitos mangás”, relata.
Otomo teve duas irmãs, uma mais nova e outra mais velha, e contou que este também era um incentivo para que ele lesse quadrinhos, já que passava muito tempo sozinho. Isso levou os pais dele a um acordo de lhe permitir comprar um mangá por mês, o que o levava a escolher sempre um shonen.
“Quando eu cursava o colegial, comecei a me interessar por filmes e comecei a querer me tornar um ilustrador profissional ou até mesmo um diretor de cinema. Isso me fez sentir que eu precisaria me mudar para Tóquio em algum momento”
Nessa época, ele conheceu um editor e comentou que essa aproximação o levou ao seu primeiro emprego como ilustrador. Otomo ainda confessou que o primeiro trabalho de ilustração que fez foi uma versão de A Pequena Vendedora de Fósforos, “título que peguei da história de Christian Andersen”.
Falando sobre Akira
Katsuhiro Otomo explicou à Forbes que geralmente tenta homenagear suas leituras favoritas de infância em suas obras. Com isso em mente, é comum notar, com uma leitura mais atenta, alguns detalhes que são pequenas indicações dessas referências.
Em Akira, por exemplo, temos a constante presença de detalhes de Tetsujin 28 Go, mangá que Otomo leu durante sua adolescência. O personagem central da história leva o número 28 como marca e outros personagens recebem diferentes numerações como referências a este mesmo mangá.
Falando sobre o anime, Otomo conta que em sua visão seria um grande fracasso. Principalmente porque ele sentiu que problemas de orçamento e a falta de outros recursos fossem afetar o projeto, ao ponto que o número de cortes de cenas tirassem o sentido da história.“A grande base de Akira é sobre uma arma desenvolvida durante a guerra, mas que só é encontrada durante uma era mais pacífica. Então, os acidentes e a história se desenvolvem em torno desta arma e se você conhece Tetsujin 28 Go, então sabe que basicamente é o mesmo enredo.”
As mudanças foram aparecendo aos poucos, quando pequenas coisas começaram a se resolver e novas versões foram sendo preparadas, assim como a busca pela trilha sonora certa. Otomo sempre imaginou algo da banda Geinoh Yamashirogumi, o obstáculo era que Yamashiro não estava mais trabalhando com música e sim como professor, o que não impediu Otomo de buscá-lo para o projeto.
“Eu consegui uma reunião com ele e estava disposto a pedir apenas duas músicas para Akira (…), quando apresentei o projeto completo, Yamashiro se apaixonou pela história e decidiu trabalhar em muito mais para o filme”
O resultado final foi o filme de sucesso que conhecemos. Yamashiro trabalhou as músicas de acordo com a primeira versão, aquela que Katsuhiro Otomo não havia apreciado muito, mas que tinha um bom diferencial “As vozes haviam sido gravadas primeiro, isso significou muito para Yamashiro, que poderia seguir a história na hora de trabalhar nas composições musicais”, relata o autor.
Otomo ainda ressaltou o quanto esse processo de gravação era raro na época da criação do anime e o que fez a diferença na hora de optar por ele. “Esse processo de gravar primeiro as vozes era uma prática comum em lugares como a Disney, então pensei que seria bom para Akira“, contou à Forbes.
Akira foi um sucesso mundial como animação e também como mangá. Demorou muitos anos para que o mangá viesse para o Brasil após a versão de quadrinhos americana publicada nos anos 90. Agora, o mangá chega ao país com uma versão remasterizada (você pode conhecer mais aqui) e revisada pelo autor, pela Editora JBC.
Para saber mais
Site oficial: mangasjbc.com.br/titulos/akira
.: Made in Japan: Série especial AKIRA
Fonte: Ollie Barder | Forbes