Harajuku, o templo dos modernos
por: Pablo Yuba. Colaboraram: Cláudia Emi, Mariana Spagnuolo e Keijiro Kai
Harajuku começou como uma forma de libertar ideias e copiar ícones americanos. Após sediar as Olimpíadas de 1964, a cidade de Tóquio adquiriu novas tendências. Muitos jovens começaram a se juntar em grupos para dançar ao som de Rockabilly e se vestir o mais próximo possível do ícone da época, o famoso ator James Dean.
De lá para os dias atuais muitos outros estilos e “tribos” se juntaram a região a tornando única em diversas formas. Tendências como a do Hip-Hop vieram para ficar com o inicio dos anos 2000, e o resultado desta rara sintonia dos japoneses com a cultura hip hop, é uma forte presença do mesmo na cultura pop em geral, tanto nas ruas como nas músicas.
Harajuku é colorida, intensa, criativa, ousada, vibrante, exótica, bem humorada. Estas qualidades pulsam nesta região que fica bem no meio da megalópole Tokyo e cujas ruas são como uma imensa passarela de moda.
Todas as tribos convivem e interagem em Harajuku. Por lá circulam desde rapazes com calça de couro e cabelo pintado de azul até meninas vestidas como personagens de animes. Pseudo-hippies cruzam com punks, que esbarram com góticos saindo de uma loja repleta de dançarinos de street dance. Adolescentes vestidas com roupas do século 18 passam ao lado de patricinhas segurando bolsas Louis Vuitton. E mesmo dentro dessas classificações, cada um tem um toque pessoal.
É o estilo único de cada uma das pessoas que transformaram Harajuku em um desfile permanente de streetwear. “É o lugar mais moderno do mundo. Fiquei chocada com as pessoas, incrivelmente bem-vestidas e cheias de personalidade; mudou minha vida”, diz Erika Palomino, jornalista e uma das consultoras de moda mais influentes do país. Com isso, os cosplayers (quem se vestem como seu super-herói favorito) ganharam espaço no bairro.
Os proprietários das lojas aproveitam essa efervescência e apresentam seus produtos a um público mais sofisticado e, obviamente, com maior poder de compra. Ao mesmo tempo, eles usam a proximidade com as inúmeras grifes internacionais que possuem lojas na mesma área para construir sua rede de contatos e ingressar no mercado americano e europeu.
É dessa maneira que a moda nascida em Harajuku ganha o mundo.
Reportagem publicada na edição nº 113 da revista Made in Japan