O gato da sorte é pop
Ele é tão conhecido como figuras de peso do universo pop japonês quanto a Hello Kitty e o Doraemon, mas não saiu de nenhuma página de mangá. Sua origem é mais antiga, de quase dois séculos atrás, e há tantas histórias que ninguém sabe dizer com precisão se são verdadeiras ou não.
Chamado de maneki neko, o gato da pata erguida é uma das figuras tradicionalmente relacionadas ao Japão. Popular, bonecos de maneki neki podem até ser encontrados em lojas da Liberdade (São Paulo), bairro de identidade da cultura japonesa.
No Japão, existe até um templo no bairro Setagaya (Tokyo) para os seguidores do talismã. O local é cercado por jardins bem cuidados e há um oratório informal, com estátuas de maneki neko.
A crença diz que ele tem o poder de atrair bons negócios, prosperidade e dinheiro. Por causa desses atributos, acabou “adotado” pelos comerciantes, que enfeitam seus estabelecimentos. Mas o maneki neko também tem tamanho status, que é adquirido por qualquer pessoa que está à espera de uma mudança em sua vida ou na dos outros.
O curioso é que o maneki neko não é um só e nem igual. É fabricado em diferentes tamanhos, cores e materiais. A lista é enorme: porcelana, plástico, tecido, papel marché, argila, cerâmica, jade e até ouro puro.
Olhando bem de perto, existem outros detalhes que os mais desligados nem percebem, como o que está pendurado no pescoço do gato ou o que ele carrega na patinha. Há versões em que ele traz uma coleira vermelha, comum na Era Edo, ou um pequeno guinzo.
Quanto à qual pata está levantada, é aqui que começa a confusão. Uns dizem que a esquerda para o alto “chama” clientes, enquanto a direita traz dinheiro. Outros acreditam que a esquerda é boa para locais onde se servem bebidas e a direita para outros tipos de comércio, como papelarias. Seja qual for a crença correta, a verdade é que o gato tem diversas lendas.
Um exemplo é o da senhora idosa que vivia na Era Edo e, que de tão pobre, foi forçada a dar seu gato. Tempos depois, o bichano surgiu em sonho e deu instruções para reproduzir sua imagem em argila.
Para sua surpresa, surgiram compradores da estátua, que foi produzida aos montes, salvando-a da probreza. É da Era Meiji que vem uma das histórias mais incomuns. O Japão tinha planos de se ocidentalizar e proibiu símbolos sexuais e de fertilidade, usados em bordéis da época.
Por isso, surgiu o gato com a pata para cima, para indicar o aceno das prostitutas. Ao longo das últimas eras, entretanto, o maneki neko ganhou significados muito mais nobres e acabou enormemente popular.
por: Cláudia Emi