Mangás
Viagens ao mundo dos samurais, de criaturas lendárias como os youkais ou futuristas como os robôs são algumas das histórias contadas pelos mangás, os quadrinhos que são um sucesso no Planeta. Originária do Japão, esse tipo de literatura movimenta centenas de bilhões de ienes anualmente no arquipélago e outros milhões de dólares no mundo.
Para se ter uma idéia da popularidade dos mangás, é estimado que o número de títulos sobre o tema em circulação no Japão chegue a mais de 200.
Além da riqueza dos desenhos e da emoção das tramas, o comportamento dos jovens, as casas, o tipo de alimentação e as roupas que aparecem nas páginas de alguns mangás mostram a seus leitores um pouco do modo de vida japonês. Outras publicações, por sua vez, relatam as histórias dos samurais e do poder dos senhores feudais, os xoguns, em um rico passeio pela história do Japão Antigo.
Na reportagem a seguir, Made in Japan convida você a fazer uma viagem diferente ao Japão. Mas, para isso, não é preciso arrumar as malas e tomar um avião rumo ao arquipélago. Basta abrir as páginas dos mangás.
.: Love hina
.: Video girl AI
.: Sakura card captors
.: Yu Yu hakusho
.: Samurai X (Rurouni Kenshin)
.: Inu-yasha
.: A princesa e o cavaleiro
.: Dragon ball
Love hina
A vida em um ryokan, os deliciosos onsens e a pressão para entrar na Toudai são temas de Love Hina
Pode-se dizer que Keitarô Urashima não é a pessoa mais sortuda do mundo. Aos 19 anos, nunca beijou nenhuma garota e já foi reprovado três vezes no vestibular da Toudai, a concorrida Universidade de Tokyo. Desiludido, ele sai de casa e vai morar na pensão de sua avó. O que ele nem imaginava era que o lugar havia sido transformado em um dormitório só para meninas. Essa é a trama de Love Hina, mangá criado por Ken Akamatsu e publicado em 1999, no Japão, pela Editora Kodansha. No Brasil, Love Hina foi lançado em maio de 2002.
Ryokan
Antes de se tornar um dormitório feminino, a Pensão Hinata, de Love Hina, já foi uma hospedaria japonesa, conhecida popularmente como ryokan. A construção de madeira em estilo japonês de dois andares, e os quartos enormes indicam que o local era uma hospedagem de luxo.
O piso dos quartos são cobertos de tatami, e as divisórias e portas corrediças reforçam o clima tradicional japonês do lugar. Nesses estabelecimentos, o preço da diária costuma incluir o desjejum e o jantar, ambos servidos nos quartos de hóspedes.
Onsen
As termas naturais, ou onsens, são uma forma de lazer muito apreciada pelos japoneses, que possuem uma longa tradição de banhos públicos coletivos. Na Pensão Hinata, há um onsen onde os personagens tomam banho. Repleto de vulcões ativos, o Japão é um país com abundância de termas naturais. A composição química das águas que brotam da terra varia de acordo com a região do país, e os sais contidos podem trazer benefícios à saúde daqueles que se banham nelas. Além das propriedades terapêuticas, o contato com a natureza proporcionado pelos banhos a céu aberto, os chamados rotemburo, ajuda a aliviar o estresse do dia-a-dia.
Vestibular
A disputa acirrada pelas melhores faculdades é conhecida dentro e fora do Japão, e os estudantes não medem esforços para conseguir uma vaga nas melhores universidades, como a de Tokyo, conhecida como Toudai. É nela que o trio protagonista de Love Hina, Keitarô, Naru e Mutsumi, tenta entrar e cumprir a promessa feita na infância de estudar na universidade.
Video girl AI
Tecnologia ao extremo, moda acima de tudo e crises morais: crítica à padronização do comportamento japonês
Lançado em 1989, no Japão, pela Editora Shueisha, Video Girl Ai, de Masakazu Katsura, foi trazido ao Brasil em junho de 2001. O mangá narra as desventuras amorosas de Youta, um rapaz que não sabe como conquistar Moemi, a garota de seus sonhos. Para ajudá-lo, Ai-chan, uma Video Girl, sai da tela com a missão de fazê-lo feliz. A partir daí, Youta vive incríveis aventuras.
Moda anos 80
As roupas dos personagens de Masakazu Katsura remetem aos anos 80, época em que os jovens japoneses seguiam uma moda inspirada em grupos musicais como o Checkers e o CCB.
Esses ídolos abusavam de modelos extravagantes e estilosos, e seus fãs seguiam à risca o modo de se vestir. No início de Video Girl Ai, Youta é um jovem extremamente influenciado pela mídia, que seguia manuais de moda e de conduta para conquistar a sua colega Moemi.
Trata-se de uma crítica bem-humorada do autor ao consumismo e à padronização do comportamento dos jovens do país.
Timidez
O jovem Youta deve ser um dos protagonistas mais “travados” da história dos quadrinhos.
Apesar das investidas de garotas lindas como Ai-chan, Nobuko e Moemi, não consegue se relacionar amorosamente com ninguém.
Tudo porque ele é terrivelmente tímido, uma característica bastante comum entre os rapazes nipônicos.
No caso de Youta, a timidez ainda vem acompanhada de confusões próprias de uma comédia romântica e azar, como, por exemplo, uma ligação telefônica na hora errada. Youta tem ainda uma espécie de “freio interno”, que o priva de seus próprios instintos e fica oscilando entre um impulso irracional e uma condenação moral que simplesmente o deixa incapaz de agir.
Não se pode afirmar que todos os jovens japoneses são como Youta, mas o sucesso obtido pelo mangá no Japão não deixa dúvidas de que se trata de um tema nacional.