Associação conta a história dos japoneses no Amazonas

Os 70 anos da história dos imigrantes japoneses no Amazonas estão correndo o mundo. Isso está sendo possível graças a criação da associação Amazon Koutakukai. Nela está registrada a epopéia dos pioneiros japoneses que chegaram ao estado para participar de um projeto agrícola.

De acordo com o presidente da entidade, Robert Nakajima, o nome é em homenagem aos “koutakusseis”, ou seja, os japoneses que estudaram nas escolas Kokushikan Koutou Takushoku Gakko ou na Nippon Koutou Takushoku Gakko, e que participaram do Projeto da Exploração da Mata Amazônica, idealizado pelo deputado Tsukasa Uetsuka. “Além de celebrar os 70 anos de imigração no Amazonas, a entidade busca estreitar os laços entre os descendentes daqueles colonos”, explica Nakajima, um nissei de 64 anos, filho de um dos pioneiros.

Os koutakusseisDesde 1923, a imigração de japoneses para a região Amazônica já vinha sendo tratada entre o governador do Pará e o então embaixador do Japão. Três anos mais tarde, chegava a delegação de pesquisa “Fukuhara”, que tinha como objetivo escolher os locais apropriados à introdução dos colonos japoneses naquele estado. O governo paraense cedeu 1,030 milhão de hectares de terras devolutas para a Companhia Nipônica de Plantações do Brasil S.A., a serem divididas entre aqueles que desejassem dedicar-se ao cultivo do solo. Ao saber disso, o governador do Amazonas da época, Efigênio Salles, solicitou ao embaixador do Japão que os trabalhos da delegação se estendessem até o Amazonas. O interesse do governo amazonense em atrair imigrantes japoneses estava no fato de que, com o fim do ciclo da borracha, eram necessárias novas técnicas de cultivo e a introdução de novos produtos agrícolas que se estabelecessem como fonte para o desenvolvimento econômico do estado, como havia acontecido em São Paulo.

No dia 2 de janeiro de 1930, chegaram ao Amazonas os primeiros japoneses. Esses imigrantes dirigiram-se para Maués, onde se dedicaram ao cultivo do guaraná. Entretanto, em 1941, uma epidemia de malária matou várias famílias, fazendo com que esses japoneses se dirigissem para a colônia japonesa na Vila Amazônia, próxima a Parintins. Antes, porém, da chegada desses japoneses ao local, lá estavam outros colonos: os koutakusseis. Eram jovens com idade entre 19 e 20 anos, estudantes de agronomia, provenientes de famílias de classe média, que foram para o Brasil no intuito de se fixarem para sempre no Amazonas.

A primeira turma de koutakusseis chegou na Vila Amazônia em 20 de junho de 1931 e contava com 38 pessoas. Desse grupo de pioneiros, hoje, somente dois ainda estão vivos. A região viveu uma fase de expansão graças à plantação de juta. Havia armazéns, escolas, hospital (para onde se dirigiam pessoas de Belém e Parintins), e o “hakko kaikan” (templo).

As condições de moradia, entretanto, eram precárias. Não havia rede hidráulica nem instalação elétrica. As casas eram simples, rústicas, feitas de troncos roliço cobertos com palha de palmeiras. A maioria dos casamentos era arranjado pelo sistema de “shashin miai” (encontro por meio de fotografias para fazer noivados). Decidido quem seria a noiva, ela era registrada ainda no Japão, no Cartório Civil, como esposa, embora nem noivo nem noiva se conhecessem pessoalmente. Era, então, mandada do Japão para o Amazonas.

Com o início da guerra, porém, os imigrantes japoneses foram obrigados a sair da Vila Amazônia, entre outras razões, pela perseguição que começaram a sofrer. Muitos foram presos e a Vila Amazônia ficou como espólio de guerra, ou seja, pertencente ao governo. Em setembro de 1942, a Companhia Industrial Amazonense foi desapropriada e, em abril de 1946, seu patrimônio foi leiloado, sendo arrematado por uma empresa sediada em Manaus, a Companhia J. G. Araújo S.A., de processamento de juta, beneficiamento de arroz, fabricação da farinha de mandioca, serraria, etc. Hoje, a única lembrança que restou da vila dos imigrantes japoneses é o cemitério. Estima-se que, dos 230 japoneses que foram para a Amazônia, existam, no mínimo, 5 mil descendentes.

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (21/11/2024)
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