Talita Nozomi fala sobre trabalho, joias, viagens e livros

(Continuação)

Tive aula de [confecção de] bolsa. Como minha mãe tinha uma máquina de costura em casa, fiz algumas. Daí as minhas amigas começaram a pedir. Eu não cobrava, mas elas queriam pagar. A classe inteira tinha uma bolsa minha.

Minha tia teve câncer de mama. Para o tratamento, ela começou a vir muito para São Paulo. Ela passava muito tempo na minha casa, daí ela disse “vamos comigo fazer curso de patchwork”. Comecei a fazer, o pessoal gostou, e consegui vender muito. Participei de feiras para lojistas, como a Paralela Gift.

Então resolvi ir ao Japão durante os dois meses de intervalo que teria na faculdade. Já tinha lido alguns livros do Yasunari Kawabata. Foi curioso, pois pensei que, nessa viagem, teria muitas ideias para bolsas, mas tive para joias.

Voltei e fiz meu TCC sobre joias. Fiz uma exposição na Galeria Olido e participei de uma exposição na embaixada brasileira em Berlin. Também fiz roupas e agora estou escrevendo.

Livro é algo que me satisfaz. É algo muito mais barato que uma joia e eu vou atingir outras pessoas, assim como o blog.

Um detalhe da estante de livros de Talita

Um detalhe da estante de livros de Talita

Vi na sua estante que há livros de muitos assuntos diferentes.
São de épocas diferentes.

Vieram de suas viagens?
Sim, trago muitos livros de fora. E aí não estão todos. Tenho muitos livros. Gosto muito de livros. Eu deixo de comprar roupas, mas trago livros. Livros e madeira. Objetos de arte como este [mostra uma peça]. Não estão aqui, mas tenho muitas coisas, como objetos de arte de uma tribo aborígene da Austrália.

E aquele livro Anticâncer?
Minha mãe comprou para a família inteira. Está lá? Eu tava procurando! Todo mundo leu. Você leu?

Não.
É muito bom. E rápido de ler. Na minha família, três irmãs tiveram câncer de mama – todas já curadas. No livro, o autor (David Servan-Scheiber) diz que nos asiáticos há mais células cancerígenas, mas que não se desenvolvem, só quando eles vivem a vida de um ocidental.

E você se preocupa com isso?
Eu, não. Eu acho que isso [a doença] está na cabeça.

Gostaria que você falasse sobre o escritor Yasunari Kawabata.
O Kawabata criou a linha neo-sensorialista. Quando você lê, vai sentindo o cheiro descrito, as formas do corpo da mulher ou o cheiro da mata da árvore. A partir da leitura, você vai pelos cinco sentidos. Eu me inspirei nisso no meu TCC.

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Fonte: BCB (21/11/2024)
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