Shojo, o gênero de mangás que fala para as meninas
Antes de mais nada, entre no universo do enredo, a seguir.
Mitsuki Koyama tem 12 anos e seu maior sonho é ser cantora. Depois de descobrir que tem uma grave doença na garganta, se vê distante de seu objetivo. Porém, dois shinigamis (deuses da morte) aparecem para garantir que nada possa atrapalhá-los na hora de levarem a alma da Mitsuki um ano depois.
Mas eles simpatizam com a menina e lhe devolvem a saúde vocal. Assim, ela poderá correr atrás de sua tão sonhada carreira musical. Mas a mágica tem um prazo de validade: apenas um ano.
Esse é o enredo do mangá japonês Full Moon o Sagashite (Full Moon – Em Busca da Lua Cheia, em tradução livre), da mangaká Arina Tanemura, e que foi publicado em 2009 pela Editora JBC.
De apelo infanto-juvenil, Full Moon segue justamente a linha dos shojo mangás (lê-se shoudjo), ou seja, mangás para meninas. No Japão seu sucesso foi tanto que virou série de animação e ultrapassou fronteiras ao ser publicado na Austrália, México, Vietnã, EUA e diversos países da Europa.
Afina, o que é shojo mangá?
Assim como no mercado brasileiro de revistas, em que o universo de publicações se diversifica em conteúdo para homens e mulheres, no mercado japonês de mangá (a história em quadrinhos japonesa), a história é quase a mesma.
“A indústria de mangás no Japão depois da Segunda Guerra Mundial se dividiu a grosso modo em dois públicos: para meninos e meninas. E basicamente isso se mantém até os dias de hoje”, diz Arnaldo Oka, tradutor de mangás da Editora JBC.Esses gêneros recebem o nome de mangá shojo, com histórias relacionadas às mulheres como Sakura Card Captors, e mangá shonen, com temática para meninos, a exemplo de Os Cavaleiros do Zodíaco.
Voltado para meninas de 10 a 16 anos, os mangás shojo conquistam leitoras com histórias misturando, dependendo do título, romance, drama, comédia, lendas históricas, ficção científica, fantasia, entre outros.
Outra característica dos mangás shojo está na estética, cujos traços são bem mais delicados que nos mangás para meninos. “Em mangás shojo nós notamos um cuidado muito grande com a expressão dos personagens. Os olhos são mais brilhantes e a silhueta das mulheres são mais esguias que das mulheres dos mangás shonen”, explica Fabrizio Torao Yamai, diretor da escola de mangá AreaE.
Quando um mangá é shojo os quadros são mais parados, afinal o que importa mais é o que os personagens pensam, não tanto a ação, como é o caso dos mangás shonen”, conclui Yamai.
É válido lembrar que para um mangá ser shojo, ele não precisa necessariamente obedecer essas características, basta se destinar ao público feminino. Mas títulos de grande sucesso costumam seguir esse estilo, haja vista Sakura Card Captors, A Princesa e o Cavaleiro e Fruits Basket.