Depoimentos de sobreviventes da bomba atômica

Lembranças em família

"Minha mãe sempre se lembrava da tragédia no dia 6 de agosto, do triste cenário"

“Minha mãe sempre se lembrava da tragédia no dia 6 de agosto, do triste cenário”

Hirasaki é irmão de Mihoko e estava na barriga da mãe quando a bomba explodiu. Ele não tem memórias dos primeiros anos que sucederam a tragédia, mas como a família viveu esses momentos, a bomba fez parte de sua infância.

Na hora da explosão, a mãe cuidava de uma horta e os irmãos estudavam no colégio. “Um deles tinha 10 anos e estava sentado do lado oposto ao das janelas na sala de aula. Foi quando a explosão aconteceu e destroçou as vidraças. Meu irmão recebeu os estilhaços e ficou com uma cicatriz enorme acima do olho esquerdo”, relata Hirasaki.

Quando o aniversário do ataque se aproximava, a mãe de Hirasaki e Mihoko sempre se lembrava da tragédia e só conseguia descrever como “um triste cenário”. “Ela dizia que quando foi para Hiroshima, ela viu de mutilados a queimados. Na beira dos rios, vários corpos”. Em 2004, Hirasaki foi ao Japão visitou o museu de Hiroshima e obteve o direito de receber auxílio do governo japonês. A lei exige que as vítimas estejam no Japão para exames médicos no momento de entrar com o requerimento de ajuda. Essa lei, porém, é muito criticada porque os idosos não têm condições de ir até o arquipélago. “Minha mãe, falecida aos 82 anos, sempre defendia a ajuda a essas pessoas. Ela conseguiu o benefício na época em que podia andar, mas sempre pensou nas pessoas que não podiam”.

Yasuyuki Hirasaki, 59 anos, de Hiroshima

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (21/11/2024)
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