Depoimentos de sobreviventes da bomba atômica
Lembranças em família
Hirasaki é irmão de Mihoko e estava na barriga da mãe quando a bomba explodiu. Ele não tem memórias dos primeiros anos que sucederam a tragédia, mas como a família viveu esses momentos, a bomba fez parte de sua infância.Na hora da explosão, a mãe cuidava de uma horta e os irmãos estudavam no colégio. “Um deles tinha 10 anos e estava sentado do lado oposto ao das janelas na sala de aula. Foi quando a explosão aconteceu e destroçou as vidraças. Meu irmão recebeu os estilhaços e ficou com uma cicatriz enorme acima do olho esquerdo”, relata Hirasaki.
Quando o aniversário do ataque se aproximava, a mãe de Hirasaki e Mihoko sempre se lembrava da tragédia e só conseguia descrever como “um triste cenário”. “Ela dizia que quando foi para Hiroshima, ela viu de mutilados a queimados. Na beira dos rios, vários corpos”. Em 2004, Hirasaki foi ao Japão visitou o museu de Hiroshima e obteve o direito de receber auxílio do governo japonês. A lei exige que as vítimas estejam no Japão para exames médicos no momento de entrar com o requerimento de ajuda. Essa lei, porém, é muito criticada porque os idosos não têm condições de ir até o arquipélago. “Minha mãe, falecida aos 82 anos, sempre defendia a ajuda a essas pessoas. Ela conseguiu o benefício na época em que podia andar, mas sempre pensou nas pessoas que não podiam”.
Yasuyuki Hirasaki, 59 anos, de Hiroshima