Okinawa
Separada da capital japonesa por 1500 km de distância, Okinawa é uma província com traços naturais e culturais bastante diferenciados do restante do arquipélago nipônico. Trata-se de um conjunto de ilhas cravadas nas águas quentes do Oceano Pacífico, com clima tropical e costumes próprios. Anexada ao Japão pela primeira vez em 1609, a ilha desenvolveu um dialeto próprio – o “uchinaguchi” – e possui características religiosas bastante fortes, das quais as comemorações do Shichigwachi, termo cuja tradução literal é “mês 7”, são o maior exemplar.
Com uma economia que permaneceu predominantemente rural por séculos, a tradição religiosa de Okinawa evidencia a ligação dos nativos da ilha com a natureza. “Para o uchinanchu [okinawano, no dialeto local], os ventos, as montanhas, todos os elementos que o cercam são sagrados. Esse respeito demonstra a importância das forças naturais em sua vida”, explica o historiador Newton Itokazu.
Julho, além de ser considerado período de fartura, por ser a época em que se realizavam as colheitas, também é o mês em que a chegada dos ventos quentes do sul anunciam a vinda dos espíritos. Era a melhor oportunidade do ano para agradecer à natureza pelos resultados obtidos nas plantações e reunir os familiares, inclusive os já falecidos. Enfim, uma grande festa para celebração à fartura e confraternização.
“Ao falar de Okinawa, não se pode restringir apenas à ilha principal”, aponta Alberto Gusukuma, estudioso do assunto. Formada por um colar de ilhotas espalhadas por uma grande extensão, é possível encontrar variações nos procedimentos dos rituais e até mesmo na data de realização entre as diversas localidades da província.
Com a diáspora dos okinawanos – em busca de trabalho, muitos imigraram para as ilhas principais do Japão, além de países como Brasil e Havaí – depois da Segunda Guerra, estabeleceram-se os dias 13, 14 e 15 de julho para a realização do Bon. “Era preciso uma data única para que os filhos mais velhos que trabalhassem no Japão, por exemplo, pudessem retornar à ilha e participar da confraternização”.
Durante esses dias, os frutos das colheitas são compartilhados com os antepassados, a quem se oferecem, além das orações e do senkô (incenso), os melhores pratos e bebidas, em uma demonstração de gratidão e acolhida. As comemorações culminam com o Eisa, no dia 15, festa dedicada aos deuses locais para retribuir a fartura. Vestidos com trajes coloridos e embalados pelo imponente som dos taikôs (tambores), jovens dançam e cantam, ao mesmo tempo em que agradecem a presença dos ancestrais nas comemorações, certos de sua presença no ano seguinte.
A língua de Okinawa – Uchinaguchi
É cada vez menor o número de falantes da língua de Okinawa no Japão. Os jovens preferem se comunicar em japonês, língua que aprendem na escola, e não demonstram interesse pelo estudo do idioma. Ainda assim, algumas expressões e palavras soltas em uchinaguchi fazem parte do vocabulário dos okinawanos e são instrumento de identificação entre os descendentes da ilha. Os termos mais comuns são bastante utilizados inclusive pela comunidade okinawana no Brasil. A seguir, uma pequena lista com as palavras que você precisa saber para impressionar os amigos uchinanchu;
Haisai – Oi, olá
Uchina – Okinawa. Daí, vem uchinanchu – pessoa de Okinawa – e uchinaguchi – língua de Okinawa
Yamatu – Japão. Da mesma forma, Yamatunchu (pessoa japonesa, informalmente, também se diz “naichi”) e Yamatuguchi (língua japonesa)
Mensoree – Bem vindo
Chuu uganabira – Como vai
Jin-gwa – dinheiro
Makai – chawan (tigela)
Os três Kas da Okinawa
A economia da província é formada pelos três Kas. Não é a mesma definição do trabalho comum aos brasileiros no Japão, ou seja, kitsui, kitanai e kiken (pesado, sujo e perigoso). Os três Kas de Okinawa significam kichi (bases militares dos Estados Unidos), kokyo koji (obras públicas) e kanko (turismo). Apesar do grande apelo turístico, Okinawa apresenta uma das maiores taxas de desemprego do Japão, razão pela qual muitos moradores se mudam para Honshu, a principal ilha do país, em busca de trabalho. Também por esse motivo, um grande o número de okinawanos foram morar no Brasil, incentivados pelo governo japonês.
Dica: O site www.okinawa.com.br traz os eventos e as novidades da comunidade okinawa no Brail.