Shodô, a arte da caligrafia
O shodô é a arte da caligrafia japonesa que reproduz o caminho da tinta sobre o papel japonês (washi). As cerdas do pincel desenham traços e pontos em diferentes densidades, de acordo com a força aplicada pelas mãos do artista.
A escrita elevada à arte retrata dos ideogramas japoneses que devem ser desenhados em pinceladas únicas, que não são passíveis de retoques, e seguindo uma ordem e direcionamento específicos. “Quando se escreve em ordem errada, a letra acaba ficando errada e pode até se transformar em outro kanji (ideograma). A ordem da escrita faz toda a diferença”, explica Cristina Sagara.
Existem diversos estilos de kanji que variam com nuances mais cursivas. São eles: tensho, que é o mais antigo (221 a.C), reisho (202 a.C a 220 a.C), kaisho (século 3), gyousho (escrita semicursiva, desenvolvida a partir do século 3) e shousho (escrita cursiva, com aparição no século 2 a.C).
A arte de escrever bem com o pincel é denominada shuji e faz parte da grade curricular do sistema educacional japonês. “O shodô entra no lado mais artístico da caligrafia”, explica Sagara. A simplicidade dessa arte também se reflete nos materiais necessários: tinta, paleta, pincel e papel.
A tinta, ou sumi, é feita à base de uma goma preparada com fuligem de carvão. Ela é vendida na forma de bastão e é preciso prepará-la com água sobre a paleta, conhecida como suzuri, até alcançar a cor e a consistência desejada. O manuseio do pincel sobre o papel deve ser exato e firme, para que se mantenha o controle da intensidade da cor em traços únicos.
“Não se busca a perfeição nessa arte, mas sim o aspecto zen, o espírito humano. Não se corrige uma arte de shodô porque ela representa a condição de espírito que foi responsável pelo traço criado pelo artista, naquele momento.” define Michelle Takashima Walter em seu estudo “Dos ideogramas nipônicos aos poemas ideogrâmicos”.
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Fotos: Rafael Salvador/ JBC