Confraternização
Confraternização, celebração, encontros sempre estiveram ligados a rituais gastronômicos. Dos mais simples como um brindar de taças a banquetes com sequência elaborada de pratos ou uma surpreendente e simples xícara de chá até o afetivo lanche trivial na casa dos avós.
Sempre que me perguntam como eram as celebrações em família, se o cardápio era tipicamente japonês, respondo: Era tudo misturado! Churrasco junto do sashimi, macarronada ao lado do nishime – cozido feito com brotos de bambu, bardana, inhame, nabo, cenoura, kombu, konnyaku entre outros.
Creio que essa pluralidade seja a raiz de um Brasil que encanta o olhar estrangeiro e nos torna tão acolhedores. De uma forma antropofágica devoramos e deciframos o outro, decodificamos e reinterpretamos o mundo ao nosso modo, ou ao nosso gosto.
Se me indagam sobre tradição, respondo que amo e respeito todas elas, pois, para mim, ser verdadeiramente livre é conhecer as tradições a ponto de em alto mar ser capaz de traçar através das estrelas o itinerário cultural do barco que nos leva e assim desfrutar das matizes que constroem os sabores de uma existência.
Ainda hoje me lembro do lanche na casa dos meus avós.
Jum Nakao é estilista e diretor de criação.