Imigrantes presos não recebem tratamento médico adequado
Em 2005, um homem do Myanmar que buscava asilo no Japão foi encontrado morto em seu apartamento, em Tokyo. Mas, por não ter família no arquipélago, o resultado da autópsia não foi divulgado e a causa da sus morte continua um mistério.
O caso poderia ficar esquecido em alguma gaveta, se não fosse por uma pessoa. O doutor Junpei Yamamura suspeita que houve negligência de tratamento médico durante um ano e meio que esteve no centro de detenção da imigração.
Como médico, Yamamura passou a última década cuidando de estrangeiros no Japão – desde imigrantes ilegais a pessoas que pedem asilo. E, desde 2002, ele tem visitado o Centro de Imigração de Higashi- Nihon em Ushiku (Ibaraki). Uma vez por mês, ele monitora quaisquer problemas físicos e mentais dos detentos.
Um deles era o homem de Myanmar, sobre quem o doutor chegou a fazer um relatório da necessidade de tratamento do detento.
De acordo com Yamamura, o paciente tinha uma pressão muito alta, que poderia acarretar uma hemorragia cerebral ou um ataque do coração.
Durante suas visitas mensais, o médico diagnostica os detentos, chegando a ter dez pacientes por dia. Graças a um questionário, cada consulta, realizada em uma sala improvisada, leva aproximadamente 30 minutos.
“Espero que os relatórios que faço sobre os detentos sejam divulgados”, afirmou Yamamura. “Mas, mesmo se não forem, é importante fazer com que os oficiais da imigração saibam que estão sendo vigiados”.
Yamamura tem sido a voz dos problemas dentro destes centros de detenção, denunciando casos de estresse e abusos físicos pelos funcionários e agentes.
Em março, ele publicou Namida no Kabe (Muro de Lágrimas), relatando cinco casos de pessoas procurando asilo, incluindo um advogado e um membro da ONG de direitos humanos Anistia Internacional.
Yamamura acusa médicos dos Centros de recomendarem remédios aos pacientes sem levar em consideração todos os sintomas, além de prescreverem um elevado número de medicamentos. “Isso é completamente contra a ética médica”, diz. Esses detentos precisam receber o tratamento apropriado dado por um especialista – incluindo um psiquiatra”.
“Acredito que a Imigração está usando excesso de medicamentos pesados para obter um resultado parecido com uma lobotomia. Sedando esses detentos, fica mais fácil para os oficiais controlarem eles.”