Fukiko Tagawa é a Miss Brasilmaru
Fukiko Tagawa, 64 anos, nasceu na província de Mie e imigrou para o Brasil quando tinha 25 anos, com um grupo de mulheres chamado Hanayome Ijyusha (que partiam para encontrar pela primeira vez os seus futuros maridos já no Brasil). Fukiko já voltou ao Japão algumas vezes, mas não havia passado por Kobe desde que deixou o porto em direção ao Brasil.
Ela visitou o Centro de Emigração junto com o grupo de representantes dos imigrantes. Ainda hoje lembra que, na época, ficou instalada no terceiro andar do prédio. “O quarto onde dormi ainda estava lá da mesma maneira”, contou. Ela lembra também do refeitório e do arroz que lhes era servido: “Na época, o arroz não era branco. Nós comíamos mugi-gohan, arroz misturado com trigo”.
Fukiko decidiu imigrar por sua própria vontade: “É claro que havia muitos rapazes aqui no Japão também, mas me senti atraída pela força de vontade daqueles que haviam ido para o Brasil, cheios de sonhos, tentando a vida num país diferente”. Para ela, a impressão era de que, no Brasil, teria mais chances de fazer algo que realmente quisesse.
Seus pais, familiares e amigos, ao se despedirem, sentiram pena por vê-la partindo para um lugar tão distante. Mas Fukiko estava decidida: “As minhas lágrimas de despedida não eram como as deles. Eram de alegria por estar realizando um sonho”.
Segundo Fukiko, a maioria das moças que foram com ela para o Brasil também tinham os mesmos sonhos e esperanças. A última recordação de solteira que Fukiko ainda guarda com carinho é a de, durante a viagem de navio, ter sido escolhida Miss Brasilmaru entre todas as 24 moças do navio.
Fukiko conheceu o marido pessoalmente quando chegou ao Brasil. Antes disso, eles passaram seis meses trocando fotografias e cartas. “Hoje em dia é difícil de acreditar nesse tipo de relacionamento, mas foi como eu conheci meu marido”, contou.
O primeiro lugar para onde foi é ainda aquele em que continua morando há 39 anos: Santo André. Fukiko tem três filhos e alguns netos. Afirma se sentir realizada por ver que a semente que plantou já está enraizada, hoje dando frutos no país que escolheu para viver.