Barraquinhas de família na feira da Liberdade
Conhecidas por quem frequenta a Feira da Liberdade nos fins de semana, as barracas de comida japonesa oferecem pratos que são típicas ‘comidas de rua’ no bairro mais oriental de São Paulo. Lá tem petiscos diversos para quem gosta de salgados ou doces e servem como alimentação rápida para quem passa por lá. Entre as opções mais típicas da cultura japonesa tem takoyaki, yakitori e imagawayaki.
A feira de rua guarda histórias que começaram há mais de 40 anos e vêm se estendendo por gerações. São negócios administrados em família e que mantêm uma tradição que se iniciou com a própria feira.
Silvia Maeda, 58 anos, é bancária aposentada e trabalha na barraca de imagawayaki da família desde pequena. Seu avô Kametaro Nomoto foi quem começou o negócio que agora já está em sua quarta geração. “Meu avô foi convidado para ajudar na elaboração da feirinha oriental e, junto com outros empreendedores, acabou fundando este espaço que existe até hoje”, comenta Silvia.
O senhor Nomoto, assim como muitos outros, não era do ramo da gastronomia. Ele aceitou o desafio e encontrou sua inspiração em uma viagem ao Japão “no ano de 1970, durante o Japão Expo Osaka, ele conheceu esse doce recheado com anko de nome imagawayaki. De lá, trouxe a nossa primeira chapa que era fundida de cobre e testou várias massas, até chegar à receita que servimos hoje”.
Outra barraca que marca presença na feira durante o fim de semana é a de takoyaki. O bolinho de polvo e legumes é sucesso e quem passa sempre dá um jeitinho de provar.
Ricardo Naraki faz parte da terceira geração que cuida do espaço e explica que existe todo um processo ao longo da semana para manter tudo pronto. “A nossa rotina do dia a dia é dividida em várias etapas, ocupando a semana toda, incluindo a parte das compras, da limpeza dos frutos do mar e da preparação em geral”, conta Ricardo.
Assim como Ricardo, Silvia também relata que o trabalho não acaba com o fim da feira. Ao longo da semana, o trabalho continua, seja comprando os materiais ou preparando os itens para ter tudo pronto no fim de semana.
Novas Gerações
Histórias como a da família de Silvia e Ricardo estão sendo escritas por outras famílias que viram no ramo da gastronomia oriental um caminho para elaborar um negócio. Novas barracas foram montadas e, ao mesmo tempo, novas gerações estão assumindo os negócios familiares.
Os caminhos trilhados pelo avô de Silvia e seu pai vêm abrindo novas oportunidades para jovens que estão iniciando os negócios, como Tiago Bertelli, de 33 anos. Junto com sua esposa Thais Maeda Bertelli e um amigo Anderson Koshima, ele abriu uma barraca de yakitori, espeto de frango grelhado, que funciona aos domingos na feira.
“Eu sempre frequentei a feira e gostei da área da gastronomia, então, quando surgiu essa oportunidade, há um ano, montamos uma sociedade e decidimos tentar”, conta.
Tiago diz que ainda mantém um outro emprego, mas que os negócios estão crescendo de forma considerável. “Estamos trabalhando com um armazém que revende nossos espetinhos prontos para assar, isso é uma forma de levar nosso produto a mais pessoas”, explica Bertelli.
O yakitori é preparado ao longo da semana pela família e reservado, assim como o molho teriyaki, que é preparado por ele também. “Fazemos nosso molho de acordo com o estilo tradicional, não usamos os industrializados”. Essa escolha, segundo ele, rende elogios de quem vem de fora e “é comum alguns visitantes dizerem que o sabor lembra bem aquele preparado pelos avós”.
Os novos negócios e aqueles que já se mantém por gerações apresentam a união familiar como um dos principais pontos em comum, mantendo assim uma tradição.