Maternidade e negócios
Houve tempos em que carreira profissional e maternidade eram consideradas incompatíveis na sociedade brasileira. Nada muito antigo — para ter uma ideia, no país, as mulheres tiveram seu direito ao voto garantido apenas em 1932.
As mulheres vêm conseguindo vencer esse pensamento equivocado. Não apenas mantêm sua carreira e desempenham seu papel de mãe, como também empreendem. Não é preciso “esperar o filho entrar na faculdade”: agora é o momento.
Três empreendedoras na área da gastronomia contam à #Hashitag como é cuidar de seus filhos (sejam eles pessoas físicas ou jurídicas). Evelyne Ofugi, da Bentô Kids, conta como a maternidade mudou os rumos de sua carreira; Cristiane Haruyama Sampei, da Vila Na-Na-Ya, investiu em novos negócios e conta a importância da família no empreendimento e Valéria Cedano Hirata, do Hirá Ramen Izakaya, compartilha suas experiências sobre ser mãe e gerir um restaurante.
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Evelyne Ofugi – Bentô Kids
“A Bentô Kids surgiu em 2010, quando pedi demissão dos meus dois trabalhos para ter tempo de cuidar do meu filho depois que ele nascesse. Em 2011, quando o Enzo nasceu, comecei a fazer vídeos e fotos com dicas às mães sobre como alimentar seus filhos de forma descontraída e divertida. Foram surgindo ofertas para ministrar cursos em vários lugares. Foi aí que registrei o CNPJ e a marca”, explica Evelyne Ofugi, 34 anos, proprietária da Bentô Kids, de Brasília-DF, mãe de Enzo, 6.
A Bentô Kids é uma empresa especializada em alimentação saudável para crianças. Atualmente, administra uma cantina que serve refeições no local e também fornece para redes de escolas de Brasília. Além de ministrar cursos e workshops, Evelyne tem um livro publicado, “Alegria na Cozinha: Lanches Divertidos” (Editora Senac-DF) e um outro livro em produção. Leia mais: Evelyne Ofugi
Cristiane Haruyama Sampei – Vila Na-Na-Ya
A história de Cristiane com a culinária começa quando seu avô Naomichi chega ao Brasil em 1919. Em Marília, ele aprendeu a fazer doces e salgados. Em Mogi das Cruzes, abriu um comércio, cuja especialidade eram cocada, bombocado, queijadinha e doces japoneses tradicionais.
Anos mais tarde, na mesma Mogi, Cristiane começou a ajudar, após as aulas do colégio, na confeitaria onde a avó e a mãe trabalhavam. “Havia muitos casamentos, e de lá saíam milhares de doces. Adorava ajudar nessa parte”.
Na faculdade, graduou-se em Ciência da Computação, mas manteve o interesse em gastronomia por meio de cursos e livros.
Valéria Cedano Hirata – Hirá Ramen Izakaya
Aos 18 anos, Valéria foi para Portugal estudar Hotelaria. “Meu primeiro emprego nessa área foi em um café em Lisboa. Fui hostess, bartender e gerente de uma casa noturna”. Mais tarde, fez pós-graduação na Inglaterra, onde trabalhou como garçonete em eventos e pubs. Antes de voltar ao Brasil, passou três anos no Chile, período em que foi relações públicas e supervisora de qualidade de um resort.
“Quando voltei para o Brasil, aos 29, montei com alguns sócios uma empresa de consultoria para bares e restaurantes. Posteriormente, lecionei na Universidade Anhembi Morumbi, onde trabalhei por oito anos e sou muito grata.”
Foi nesse tempo que os dois filhos nasceram. “Tive a Clara aos 36 e o Theo aos 38. Fui mãe tarde [hoje tem 43]. Não me arrependo, pois foi na hora certa. Tinha boa formação, experiência internacional e minha carreira estava bem encaminhada.”