‘Tá caro’
Toda profissão sofre com aquelas frases que irritam, pois revelam preconceitos, inverdades ou conhecimento equivocado por parte de quem as fala. Por exemplo, psicólogos e psiquiatras (“Não preciso. Não sou louco”), fotógrafos (“Câmera profissional é outra coisa!”) e as relacionadas às artes (“Bacana. Mas você trabalha com quê?”).
Na gastronomia, perguntei a alguns profissionais qual seria essa frase. A maioria respondeu “Tá caro” – no sentido de “não vale esse preço”. Quem reclama provavelmente não tem ideia dos custos envolvidos na preparação do prato, impostos e a manutenção administrativa e física do restaurante – para citar alguns itens. O preço deve refletir a qualidade dos ingredientes, o conforto físico e a eficiência do atendimento, o que inclui a experiência e o conhecimento da equipe.
“Tá caro” pode ser uma vã tentativa de pechincha. Lembro de uma amiga que, depois que abriu a própria empresa, parou de pechinchar. “Não gosto que pechinchem comigo, pois eu sei bem quais são meus custos e quanto vale meu tempo de trabalho”.
Claro, existe o “caro” que significa que o valor está fora do orçamento da pessoa. Nesses casos, é aplicação simples do capitalismo. Ou, como dizem, basta virar jornalista de gastronomia, que “come de graça em restaurante chique”.
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