Obento – a marmita japonesa
Temperatura amena com sol e chuva, nem muito úmido nem muito seco, no ponto certo. Assim começam as boas colheitas de legumes e verduras mais saborosas e de cores vibrantes, como os aspargos e os brotos de bambu. A primavera é definitivamente uma das melhores estações do ano, se não a melhor!
É nessa época que as flores de cerejeira (sakura) desabrocham no Japão. Lá, a tradição de comer obento debaixo dessas árvores é símbolo de amor, felicidade, renovação e esperança, além de representar a beleza feminina! Mas o que seria o obento?
Obento é uma refeição servida na caixa. Para ilustrar melhor, seria o equivalente à nossa quentinha ou o marmitex. Porém, diferentemente do “arroz, feijão e carne” do Brasil, é feita com “arroz, legumes e uma proteína”, numa proporção de 3, 2 e 1. Três porções de arroz, duas de legumes (cozidos e em conserva) e uma de proteína (grelhada ou cozida), aproveitando sempre o que há de melhor na estação e pensando num bom balanceamento saudável para o dia de trabalho.
Antigamente, o obento era coisa de gente rica, dos burgueses japoneses, enquanto os operários levavam suas refeições em recipientes feitos com folha de bambu. Isso mudou no final do século XIX, quando as marmitas se popularizaram devido à expansão ferroviária do Japão.
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho e as longas jornadas de trabalho, o obento se tornou indispensável e símbolo do Japão moderno. Com isso, ganhou reconhecimento da indústria e invadiu as lojas de conveniência – conhecidas no Japão como “combini” – onde são vendidos a qualquer hora do dia em todos os dias do ano.
O que era uma questão de necessidade passou a ganhar uma veia artística também. Assim, surgiram os “oekakiben” ou “bento imagem”, em que as caixas ganham decoração em forma de animais, pessoas, personagens de animês, tudo muito colorido e detalhado. Existe até um campeonato para premiar os mais bonitos, sem perder a essência daquela refeição saudável e saborosa.
A cultura do obento não parou por aí e também chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses. Podemos ver isso nos mercados orientais e em novos modelos de negócios, que têm prateleiras cada vez mais cheias para o deleite dos que procuram uma refeição rápida.