Perfil: Saiko Izawa, chef confeiteira do Attimo
Ela é japonesa, especializou-se em confeitaria de escola francesa e hoje trabalha em uma cozinha ítalo-brasileira. Os caminhos que a chef Saiko Izawa percorreu convergem para mostrar uma profissional em constante formação.
“Uma das passagens mais importantes para mim foi o estágio na padaria Comus, em Tóquio. O chef confiava em mim e até me passou o livro de receitas da família”, conta.
Saiko veio para o Brasil com a família quando tinha quinze anos. Voltou para o Japão para estudar na renomada Cordon Bleu de Tóquio e depois de Paris, trabalhou por muitos anos com produção em sua casa e hoje ela está à frente da confeitaria do restaurante Attimo, onde tem espaço para suas criações.
Entrevista: Chef Saiko Izawa
#hashitag Como foi o começo da sua carreira como confeiteira?
Saiko: Eu comecei estudando no Cordon Bleu, uma escola de culinária francesa no Japão, em Tóquio, e terminei o curso na França, em Paris. Por isso eu tenho influência muito forte das duas cozinhas. Eu trabalhei muito tempo aqui no Brasil, mas em casa. Eu trabalhava mais com doces e pães orientais para japoneses que vêm trabalhar temporariamente em São Paulo.
#hashitag O que você mais produzia?
Eu fazia anpan, melonpan, choux cream, chiffon cake. Reformei a minha cozinha para dar conta dos pedidos. Comecei querendo fazer para os meus filhos, por isso não gostava de usar corantes e outros ingredientes artificiais. Muitos compravam para o lanche dos filhos, por exemplo. Trabalhei por mais de quinze anos em casa, mas isso acabou afetando minha saúde física, então tive que mudar um pouquinho de direção, sem sair do ramo e optei por restaurantes. Eu comecei pelo D.O.M. e agora vim para o Attimo.
#hashitag E agora você tem essa oportunidade de criar mais, experimentar novos pratos.
Sim, vou resgatando tudo o que eu comi, provei desde que era pequena. Agora estou fazendo um novo caminho.
#hashitag Quando você veio para o Brasil?
Eu vim aos 15 anos. Meu pai tinha uma empresa no Japão e queria abrir um negócio no mesmo ramo aqui no Brasil. Na verdade, ele tinha o sonho de ir para a Argentina, mas na época não aceitavam imigrantes. Quando a gente veio para o Brasil, só permitiam que imigrantes viessem com o propósito de trabalhar pelo desenvolvimento do país.
#hashitag Como você foi para a cozinha ítalo-brasileira?
Quando eu deixei o D.O.M., já consegui o contato com o Jeffinho (Jefferson Rueda) e achei muito interessante a proposta de trazer de volta as raízes da comida caseira, de comer com a família, porque hoje em dia as pessoas não comem mais em casa e no Attimo a gente resgata isso.
#hashitag Como você traz a sua bagagem para o Attimo?
No restaurante, a gente tem que trabalhar toda a evolução do menu, desde a entrada até a sobremesa. Então pensamos no que combina, quais ingredientes são marcantes, e acabo trazendo a influência da confeitaria japonesa pelo equilíbrio de sabores, sutileza dos doces.
#hashitag Conte-nos um pouco da sua experiência no Japão.
Eu estudei gastronomia, fiz estágios, mas o que me ajudou mais foi ter feito estágio em uma padaria familiar. Fiquei um mês e eles me deram todo o conhecimento de produção artesanal, e me adotaram quase que como da família. O chef confiava em mim e até me passou o livro de receitas da família. Na época, eu já fazia pães aqui no Brasil e não é qualquer padaria que abre as suas portas. Eu tive muita sorte de encontrar esse lugar similar com o que eu procurava, pois eles também fazem pão artesanalmente para servir o bairro. O Comus é um lugar muito familiar e que faz muito sucesso.
#hashitag E você tem algum projeto pela frente?
Eu estou pensando no tema. Recentemente postei uma foto no Instagram [de um melonpan] e muitas pessoas pediram por uma aula. Já tem gente para montar uma primeira turminha! É um projeto que eu quero levar adiante. Eu mesma já não vou produzir sozinha, mas quero repassar o que eu sei e ensinar mais pessoas, para que elas possam se divertir em casa, fazer para a família.