Chawan Project: o universo dentro de uma tigela
Se alguém fizesse uma lista de utensílios básicos da cozinha japonesa, certamente nela constaria o chawan, a tigela de arroz. Em sua origem, o chawan era usado na cerimônia do chá: é em um chawan de cerâmica que se sorve a bebida, e apreciar a beleza desse objeto é parte do ritual. Assim, o chawan, singelo e atemporal em sua forma, tem desafiado os ceramistas a criarem peças ao mesmo tempo funcionais e artísticas há séculos, exigindo muita técnica e dedicação.
E é isso que um ciclo de oito palestras, realizado na Japan House de São Paulo, do final de junho até dezembro, se propõe a desvendar: o universo contido dentro de um chawan.
Batizado de “Chawan Project”, as palestras serão ministradas por quem mais entende do assunto no país: ceramistas japoneses que vieram morar no Brasil e aqui desenvolveram seus trabalhos. Akihiro Nakatani, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Shoko Suzuki e Shugo Izumi falarão sobre sua arte, histórias e o que os inspira na busca pelo chawan perfeito.
E dá para falar tanta coisa sobre um chawan?
A ceramista Hideko Honma, idealizadora e curadora do evento, acredita que sim. Afinal, todo ceramista faz chawan. Sua confecção exige desenvolvimento pessoal, disciplina e aperfeiçoamento constantes. A arte cerâmica também tem seu caminho, ou dô, como acontece com a cerimônia do chá (chadô) ou do arranjo de flores ikebana (kadô).
O público terá a oportunidade de conhecer mais sobre a arte cerâmica, a estética e a cultura japonesas, e também sobre a obra do ceramista que admira. Tudo isso a partir de um chawan.
Chawan Project 2018
Curadoria: Hideko Honma
Local: Japan House São Paulo (av. Paulista, 52)
Programação:
30/06
- 11h às 13h
- abertura do ciclo, com o mestre Shouichi Hayashi (Fundação Urasenke) e participação de Jun Sakamoto
07/07
- 11h às 12h
- Shoko Suzuki
27/7
- 11h às 12h
- Kenjiro Ikoma
23/8
- 19h às 20h
- Akinori Nakatani
26/09
- 19h às 20h
- Kimi Nii
24/10
- 19h às 20h
- Shugo Izumi
16/11
- 11h às 12h
- Mitsue Yuba
15/12
Ceramistas convidados
Akinori Nakatani nasceu em Osaka, em 1943. Emigrou para o Brasil em 1974. Nakatani já fazia cerâmica no Japão. Seu primeiro ateliê foi estabelecido em São Simão, interior de São Paulo, onde fez tijolos e com eles construiu seu primeiro forno.
Kenjiro Ikoma nasceu na província de Mie, em 1948, e chegou ao Brasil em 1973. Seu grande mergulho nessa arte começou quando tinha 28 anos, como uma maneira de resgatar as lembranças do Japão e continua até hoje.
Kimi Nii é natural de Hiroshima, onde nasceu em 1947. Chegou ao Brasil ainda criança, em 1957. Começou a fazer cerâmica, em 1978, e seguiu desenvolvendo seu trabalho de maneira quase autodidata. Cria e executa peças de escultura e utilitárias.
Shoko Suzuki nasceu em Tokyo, em 1929. Começou a fazer cerâmica no Japão. Mudou-se para o Brasil em 1962, a fim de iniciar uma nova vida. Hoje, prestes a completar 89 anos, continua a criar e a fazer planos para o futuro.
Keiichiro (Souichi) Hayashi é representante da Fundação Urasenke no Brasil desde 2014. Nasceu em 1975 na província de Fukuoka. Sua família veio ao Brasil em 1978. Aprendeu o chadô com o mestre Sôkei Hayashi, a quem sucedeu nesse trabalho.
Shugo Izumi nasceu em 1949, no Japão. Mudou-se para o Brasil em 1975, estabelecendo-se inicialmente como agrônomo em Suzano, e aprendeu cerâmica em Cunha. Em 1976, construiu seu primeiro forno, em Atibaia.