Os Maid Cafés pelo Brasil
A cultura dos maid cafés no Japão vem se tornando popular há muitos anos. Uma moda que começou em Akihabara se espalhou por Tóquio e criou um segmento de atendimento ao cliente especial: maids treinadas para servir e tornar seus clientes verdadeiros mestres durante a visita.
No Brasil, ainda não existem espaços fixos como no Japão, mas eles começaram a aparecer em eventos de cultura pop oriental. No maid café, as dedicadas maids atendem aos seus mestres com bolinhos especiais e bebidas cheias de boas energias.
Sonhos virando realidade
Abrir um negócio não é fácil. Existem burocracias e, claro, exige dinheiro e muito empenho para não desistir com os problemas que surgem no caminho. São adversidades que Cíntia Lopes, de 23 anos, e Karina Cavalcante, 24, enfrentaram na hora de abrir seus maids cafés itinerantes.
Karina está à frente do Chest of Wonders e conta que nem sempre soube das tendências japonesas, mas, por influência da irmã, conheceu e se apaixonou pela ideia que se instalava no Brasil.
“Minha irmã me mostrou grupos de maid cafés que participavam de eventos em outros estados, então me inspirei no trabalho deles, pesquisei mais a fundo e resolvi tentar fazer o mesmo nos eventos de São Paulo”, conta Karina Cavalcante.
Ela ainda explica que nos dois primeiros anos investiu de seu próprio bolso e teve muito prejuízo. Mesmo assim, ela não desistiu da ideia e vem conseguindo se preparar para um passo maior. “Nosso objetivo é abrir um local fixo e estamos batalhando muito para que isso aconteça o quanto antes”.
Enquanto isso, em outro canto do Brasil, Cíntia começou o seu projeto pequeno que acabou ganhando uma forma muito maior com o passar do tempo.
“Nossa primeira tentativa foi apresentar alguns cupcakes, gelatina colorida e chocolates caseiros em um estande, com apenas cinco pessoas na equipe. Já a segunda tentativa contou com 20 membros, com mesas para servir, cardápio e com direito a dança especial das maids”, declara Cintia orgulho.
Cíntia ainda relata que lucrar com os eventos é complicado no começo. “No aspecto financeiro, tivemos muito prejuízo nas primeiras quatro tentativas. Só depois disso que o maid café tornou-se mais popular nos eventos e conseguimos somar lucros”. Para a jovem empreendedora, o trabalho envolve manter o foco e também a motivação dos participantes do projeto.
Ambas começaram com um objetivo simples, e o empenho foi levando para o que são hoje: dois maid cafés que realizam eventos com espaços reservados e atendimento especial para todos os visitantes.
O que tem no maid café?
Em diferentes eventos de cultura pop, está se tornando comum encontrar espaços de lanches e docinhos com temas fofos ou em japonês, “kawaii”. As maids também fazem parte desse grupo e atendem os clientes como se fossem seus “mestres”, como são carinhosamente chamados. Elas os recebem com todo o respeito e reproduzem um serviço tal qual o de um maid café de Akihabara, no Japão.
A escolha dos atendentes leva em conta o jeito e a disposição para servir. “O importante é ser dedicado com os mestres e cumprir as tarefas do grupo”, ressalta Karina quando questionada sobre quais são os critérios de seleção dos novos membros do Chest of Wonders.
Cíntia, do Secret Base, também considera importante que o funcionário seja proativo. “Avaliamos se a pessoa tem real interesse, atitude, dedicação e se vai se relacionar bem com os outros membros e realizar um bom trabalho em grupo”, observa.
Maids e butlers
O serviço não se resume somente a mulheres, os “butlers” – mordomos – como são conhecidos os homens que trabalham com as atividades dos maid cafés, estão se tornando muito mais presentes e comuns dentro do ramo de atividade.
Karina ainda conta que a participação dos meninos é importante para diferentes públicos “Temos alguns meninos que atuam como butlers, staffs trans e de outros gêneros, inclusive, alguns que praticam crossdressing”, relata Karina sobre a diversidade do grupo de atendimento.
O crossdressing é equivalente a uma menina se vestir de butler ou um menino, de maid. Essa atividade está crescendo no meio e tem ajudado a quebrar muitos paradigmas quanto ao universo maid fora do Japão.
Olhando para o futuro
Os maid cafés no Brasil vêm ganhando espaço por meio da participação em eventos de cultura pop e também promovendo atividades próprias em determinadas épocas do ano.
Para Cíntia, um dos obstáculos para estabelecer um espaço fixo ainda é a diferença cultural. “É muito complicado planejar uma forma que atraia não só o público otaku/nerd. São culturas muito diferentes”, explica.
Em outro ponto de vista, temos Karina, que já está se preparando para arriscar nesse mercado em São Paulo. “Só não abrimos ainda por falta de dinheiro e envolve muita burocracia abrir um negócio no ramo de alimentação no Brasil”, conta.
Os caminhos para os maid cafés no Brasil estão se abrindo e são promissores. O público nerd que aprecia a cultura japonesa vem se tornando maior e mais participativo. Poderemos em breve encontrar esses espaços para passar momentos especiais.