A nova cara da marmita
Quando crianças, muitos de nós levavam lanche de casa para comer na hora do recreio. Geralmente era um kit com sanduíche, fruta, algum doce e um suco.
A partir de certa idade, porém, comprar uma coxinha ou esfiha na hora do intervalo vira ostentação – para quem está na casa dos 30, 40 anos, pelo menos. Assim vai até a adolescência. Na vida adulta, com a rotina de trabalho, pelo menos uma das refeições do dia passa a ser feita fora de casa.
Para atender essa demanda, há restaurantes e lanchonetes de todos os tipos e especialidades. Essa opção pode ser rápida, gostosa e divertida, mas pode não ser a mais saudável e provavelmente não é a mais barata.
Novo conceito
No Brasil, levar marmita ao trabalho é algo que sofria um tratamento pejorativo. Atualmente, o conceito está mudando.
A partir dos anos 2000, a questão da alimentação saudável ganha importância. Houve esclarecimento sobre os riscos das substâncias contidas em muitos fast food, além das noções de higiene e conservação de alimentos nos restaurantes.
A renovação do hábito de levar marmita também tem motivação financeira. Se sai mais barato mesmo, não é possível afirmar sem fazer ressalvas. Depende, naturalmente, dos ingredientes escolhidos. O que tende a tornar a refeição caseira mais barata é a ausência de fatores que influenciam o preço de uma refeição em restaurante: aluguel do espaço, manutenção, segurança, impostos, salário de empregados etc.
Alimentação saudável
Levar o almoço de casa é o único meio de ter total certeza da procedência dos alimentos. “Um ponto importante é que, com a marmita feita em casa, conseguimos controlar e saber se a comida está salgada ou com muito óleo, tornando-se uma opção muito mais saudável que ir a restaurantes”, afirma a nutricionista Nancy Ting Ling.“É importante escolher a combinação dos nutrientes equilibrando a quantidade de carboidratos, proteínas, legumes e verduras. Em um recipiente à parte, montar uma salada com folhas e legumes crus, e temperar somente na hora de comer”, completa.
Cuidados
Uma vez que os alimentos contidos na marmita não serão consumidos imediatamente após o preparo, alguns cuidados devem ser observados.“As frituras devem ser evitadas, pois perdem a característica e o sabor ao serem requentadas, além de serem ricas em gorduras e substâncias prejudiciais à saúde. Os molhos cremosos ou à base de leite, creme de leite, maionese ou iogurte (molho branco, creme de milho, creme de espinafre) tendem a azedar mais facilmente com oscilações de temperatura”, recomenda Nancy.
Já entre os alimentos mais indicados, a nutricionista cita as carnes magras (boi, frango e peixe), tubérculos, hortaliças, legumes e grãos (feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico).
Alimentos frescos reduzem a possibilidade de contaminação. “O ideal é que as marmitas sejam montadas com alimentos feitos, no máximo, na noite anterior”, avalia Nancy. A nutricionista também sugere que, no caso de aquecimento no forno de micro-ondas, as carnes não sejam apenas grelhadas, mas também cozidas ou acompanhadas por algum molho leve para que não fiquem secas.
Armazenamento
O modo de conservar os alimentos é fundamental para que eles mantenham suas qualidades. Segundo recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), “é importante não deixar alimentos cozidos por mais de duas horas à temperatura ambiente”.Em temperaturas mais elevadas, esse tempo deve ser ainda menor. A nutricionista consultada por #hashitag indica apenas 60 minutos no verão. Para essa situação, a dica é guardar a marmita em uma bolsa térmica com géis de gelo. “Neste caso, é possível congelar o prato principal à base de proteínas, e refrigerar o restante até o momento de montar a marmita na bolsa térmica. Manter em local fresco até o momento de levar ao micro-ondas e aquecê-la por mais tempo, em alta temperatura”, afirma.
Oportunidades
Com a renovação do hábito de levar marmita, novas oportunidades aparecem no mercado. Uma delas é exatamente na forma de transporte.A Kuri Creative Bags, formada pelas empresárias Juliana Ozaki Lee e Raquel Takano, atua na confecção de bolsas há cerca de 10 anos. “Fazemos as [bolsas] térmicas há aproximadamente cinco anos, quando as pessoas começaram a pedir esse produto”, explica Juliana. Na época, os clientes estavam mais interessados na economia que a marmita proporcionaria. “No começo, os clientes queriam uma bolsa para levar apenas a marmita. Depois, com a onda fitness, também queriam um modelo menor, para levar um iogurte, por exemplo”.
Em seguida, vieram as bolsas masculinas, mais discretas e sem estampas. Ainda há uma linha para bebês e outra para feira e supermercado. “Criamos os produtos muito conforme a demanda, ouvindo o feedback dos clientes”, continua Juliana. As sócias também buscam referências nos EUA e Japão.
O preço das bolsas térmicas varia de R$ 39 a R$ 108; o modelo mais vendido sai por R$ 74.
Marmita sob encomenda
Seja por falta de tempo ou de habilidade na cozinha, há casos de pessoas para quem não é viável cozinhar, mas que querem ter a alimentação saudável que a comida caseira pode proporcionar. Empresas que atuam nesse segmento já são realidade nos EUA e começam a evoluir no Brasil.
“Sempre tive interesse na área, principalmente pela minha saúde e das pessoas à minha volta. Existe um foco cada vez maior na melhoria da qualidade de vida. Junto com exercício fisico, alimentação é fundamental para atingir esse objetivo”, afirma Emily Li, chef e sócia-fundadora da Emily’s Kitchen.
“O nosso objetivo é criar pratos deliciosos e que também se encaixem na dieta de cada cliente. Oferecemos a flexibilidade de adaptar e personalizar as receitas, possibilitando refeições balanceadas e saudáveis de acordo com as necessidades individuais. Usamos somente ingredientes de alta qualidade e incorporamos produtos orgânicos sempre que possível”, conta Emily.
Personalização é a palavra-chave. Não há um cardápio convencional. “A parte fundamental do nosso processo é entender os objetivos, as rotinas e preferências de cada um. Depois de conhecer bem os nossos clientes, elaboramos um cardápio levando todos esses fatores em consideração. Esse processo todo é sempre feito em conjunto com o cliente e parte disto são os comentários que recebemos depois que eles experimentam os nosso pratos”, explica Emily.
Segundo a chef, o relacionamento chega a um ponto em que a consulta ao cliente pode ser dispensada antes de apresentar um prato novo. A empresa também usa o Facebook e Instagram para divulgar atualizações das receitas. “Isso ajuda os clientes a visualizar melhor o que gostam ou não gostam. O objetivo primário das fotos não é criar um cardápio virtual”, esclarece Emily.
Para fazer o pedido, a empresa pede de três a quatro dias de antecedência. Os clientes recebem a marmita dentro de uma bolsa térmica com gel, kit que deve ser devolvido. Se preferir, é possível deixar a própria marmita com a empresa.
A forma de pagamento também é flexível. A maioria dos clientes opta por um plano mensal, enquanto outros pagam semanalmente ou diariamente. O valor varia conforme a quantidade e os ingredientes escolhidos.
Para inspirar sua marmita
Receitas por chef Emily Li
Enroladinho de carne
- Ingredientes
- 1 cenoura
- 12-15 unidades de vagem
- 2 colheres de sopa de shoyu sem sódio
- 1 colher de sopa de açúcar demerara (substituir por adoçante natural, se desejar)
- 1 colher de sopa de sake (omitir, se desejar)
- 200 g de contrafilé fatiado fininho (6 pedaços)
- 1 colher de sopa de óleo
- Modo de preparo
- Descascar e cortar a cenoura em bastões: 7,5 cm por 8 mm.
- Cozinhar a cenoura em água salgada fervente por 2 minutos, adicionar a vagem já limpa e cozinhar por mais 2 minutos. Retirar da água e deixar esfriar.
- Em uma tigela pequena, misturar o shoyu, o açúcar, o sake e duas colheres de água até o açúcar dissolver.
- Separar uma fatia de carne e colocar 2 a 3 fatias de cenoura e 2 a 3 fatias de vagem em um lado e enrolar. Repetir com todas as fatias.
- Aquecer o óleo e selar os enroladinhos de 7 a 8 minutos.
- Adicionar o molho e abaixar o fogo, virar o enroladinhos até cobrir todos com o molho.
- Cortar os enroladinhos na metade e servir.
Kabocha Gohan
- Ingredientes
- 2/3 de xícara de arroz integral (160 mL)
- 1 xícara de água (240 mL)
- 1 pitada de sal (a gosto)
- 1 colher de chá de sake (omitir, se desejar)
- 1 xícara de kabocha (descascada e cortada em cubos grandes)
- Modo de preparo
- Lavar o arroz 3X e deixar de molho por 30 minutos em 1 xícara de água.
- Antes de levar ao cozimento, adicionar o sake e o sal.
- Cozinhar em fogo baixo e tampado por 15 minutos e adicionar a abóbora. Cozinhar por mais 15 minutos, desligar o fogo e deixar descansar por 15 minutos antes de misturar.
Salada com molho de cenoura
- Ingredientes
- 1/2 cenoura
- 1/8 cebola
- 1 colher de sopa de shoyu sem sódio
- 1 colher de sopa de vinagre de arroz
- 2 colheres de sopa de óleo neutro
- 1 colher de sopa de óleo de gergelim
- 1/2 colher de chá de açúcar demerara (substituir por adoçante natural, se desejar)
- 1-2 colheres de chá de gengibre ralado
- 1 colher de sopa de sementes de gergelim
- Salada de sua escolha
- Modo de preparo
- Ralar a cenoura e a cebola.
- Juntar ao resto dos ingredientes e misturar bem.
- Montar a salada de acordo com a sua preferência e servir o molho à parte.
Emily’s Kitchen
Site: www.emilyskitchen.net
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Kuri Creative Bags
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