Sabores ocultos
Na cidade de São Paulo, há tantas opções de restaurantes japoneses que alguns acabam passando despercebidos. Há aqueles com fachadas modestas, mas que escondem verdadeiros achados gastronômicos e, o melhor, que não pesam muito no bolso.
Veja, a seguir, algumas sugestões de restaurantes undergrounds da capital paulista.
Tradição e arte
Kidoairaku oferece clima acolhedor e uma rica história
O restaurante Kidoairaku esconde sua história por trás do toldo marrom da entrada quase imperceptível na esquina da rua Galvão Bueno com a São Joaquim, no bairro da Liberdade. Ao lado dos quatro lances de escada, a placa de madeira entalhada dá o primeiro indício da tradição do local. Ela foi feita pela senhora Miyako Matsui, que recepciona os clientes na entrada.
Antigamente, o “Keishoku Kissaten Kidoairaku” funcionava como uma cafeteria. “No cardápio, tinha mais doces como anmitsu, kakigori (raspadinha), fruits parfait. Entre os pratos salgados, servíamos apenas kare raisu, sauce yakisoba e tchahan”, lembra Kakuzui Matsui, atual chef do Kidoairaku.
O clima é acolhedor, que faz o visitante se sentir em uma casa, com xícaras dos membros da família e souvenirs ganhados de clientes enfeitando as prateleiras. No cantinho da senhora Miyako, a televisão sempre passa uma novela ou filme japonês, e os cartazes ao fundo destacam a carreira artística do filho, integrante do grupo de dança clássica japonesa, Hibiki Family.
O ambiente também lembra muito um izakaya do Japão, com uma estante repleta de garrafas de bebidas dos frequentadores assíduos, cardápio do dia na parede e atendimento atencioso. O detalhe do balcão do salão e o quadro de madeira foram entalhados pela própria senhora Miyako (in memoriam**), que é descendente de ainus (comunidade indígena que vive no norte do Japão e que é reconhecida pela arte da escultura em madeira).Kakuzui conta que a maior parte dos frequentadores são japoneses e que o cardápio foi desenvolvido pouco a pouco com as sugestões dos próprios clientes. No almoço, o cardápio é centrado nos teishokus – o equivalentes ao “prato feito”, que inclui uma carne, arroz e acompanhamentos como missoshiru e legumes em conserva. À noite, há variedades de petiscos como o edamame (soja verde) e o guioza. Entre as sobremesas, o zenzai, ou sopa de feijão doce com mochi (bolinho de arroz glutinoso), pode ser uma ótima opção para aquecer os dias frios.
Estacionamento: conveniado ao lado, na rua Galvão Bueno, 700.
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 11h30 às 13h45 e das 18h30 às 22h30; sábado, das 11h30 às 13h45 e das 18h30 às 21h30
Melhor horário: no almoço, no começo da semana
Pagamento: não aceita cartões de crédito
**In memoriam, a senhora Miyako Matsui que costumava receber os clientes na entrada do restaurante Kidoairaku, morreu em janeiro de 2017. A Hashitag deixa suas sinceras condolências à família Matsui e agradece pelo importante legado deixado à gastronomia e à cultura japonesa no Brasil. (atualizado em 1 de fevereiro de 2017)
Frescor sem frescura
Uo Katsu serve um cardápio variado com despojamento
Depois de alguns anos, a casa mudou de endereço, mas se manteve no mesmo bairro para preservar os clientes. “Acho que o fato de ter tantos restaurantes japoneses hoje em São Paulo é até bom, porque sabemos que os clientes que voltam é porque gostam da nossa comida e porque sabem diferenciar um bom peixe. Muitos que voltam comentam que não conseguem comer em outros lugares porque aprendem a identificar o frescor do peixe. Aqui, meu pai fica responsável por comprar os peixes e todos os dias ele acorda à 1h para ir ao Ceasa. Depois, limpamos os peixes e servimos no mesmo dia”, explica Fábio Watanabe, o atual chef da casa.
As mesas altas e compridas lembram o formato do próprio balcão de sushis para ser dividido com os demais frequentadores. Como o serviço é rápido, a rotatividade é grande, por isso, não é possível fazer reservas. Como o próprio cartaz na parede indica, a senha é chamada na ordem de chegada e todos do grupo precisam estar presentes para se dirigir à mesa. “Aqui não tem muita frescura”, brinca o chef. As bebidas são servidas em copos de plástico (com exceção do saquê, que é servido em masu, e da cerveja, em copo de vidro) e a comanda nominal deve ser paga diretamente no caixa. Caso você opte por incluir os 10% de taxa de serviço, a sra. Cecília faz questão de avisar aos funcionários com um sonoro: “caixinha!”. Ao que todos respondem em coro “obrigado!”.
De acordo com Fábio, em média, cada dia chega cerca de 18 variedades de peixes e frutos do mar. As fatias de peixe cru e os grelhados são vendidos de acordo com o peso do filé (um sashimi pesa em média 10 g). Os makizushis (enrolados) podem ser comprados por unidade e custam a partir de R$ 1,90 cada. “Gosto da liberdade de poder criar novas combinações e de servir o que poucos restaurantes servem ou costumavam servir antigamente. Fazemos sushi de sardinha, opções de makizushi com folha de mostarda no lugar da alga nori, sashimi de lula fresca, entre outros”, diz Fábio.
No cardápio ilustrado, há algumas sugestões de pratos combinados para facilitar a vida dos indecisos, mas quem tiver mais segurança na escolha dos peixes pode até personalizar o próprio tirashi. Nesse caso, o preço vai variar de acordo com a quantidade e com o tipo dos peixes escolhidos.
Estacionamento: conveniado na Rua Salto, 70.
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 10h30 às 18h e sábado, das 12h às 16h.
Melhor horário: durante a semana, de preferência antes das 12h e depois das 14h00.
Pagamento: aceita somente Visa (débito e crédito) ou dinheiro.
Dica na Vila Mariana
Ten Sushi também conta com opções de pratos quentes
Uma das coisas mais legais da culinária é a descoberta de um restaurante novo; daqueles pequenos, típico de “quem conhece” mesmo. É o caso do Ten Sushi, localizado na Vila Mariana.O restaurante é frequentado tanto por nipo-
-descendentes como por não descendentes. É notável também a presença de japoneses que vivem no Brasil.
A casa conta com pouco mais de 15 lugares, divididos entre mesas e o balcão – que faz muito sucesso entre as crianças. O ambiente lembra muito restaurantes do Japão, graças à decoração e a detalhes como o menu escrito em placas verticais.
O Ten Sushi iniciou suas atividades em 2008. “No começo, servíamos apenas sushi. Com o passar dos anos, as pessoas começaram a pedir os pratos quentes, então resolvemos alterar o cardápio”, conta Luana Matsue, gerente.
As opções incluem sushi, temaki, kare, oyako don, udon e tempurá, entre outros pratos.
A recomendação é um combinado que leva o nome da casa: Ten, cujo ideograma significa “paraíso” (veja foto). Entre as sobremesas, a mais pedida é a gelatina de café com sorvete.
“Sempre pensamos em manter a qualidade das refeições. Sempre preparamos os pratos na hora para os clientes perceberem a diferença. Não é igual um rodízio, em que geralmente as comidas já ficam prontas”, explica Luana.
O Ten Sushi funciona de quarta a sábado, das 12:00 às 14:30, depois das 18:00 às 22:00. O cardápio não varia do almoço para o jantar.
Estacionamento: não tem
Horário de funcionamento: de quarta a sábado, das 12h às 14h30 e das 18h às 22h
Melhor horário: a partir das 18h
Pagamento: somente cartão de débito ou dinheiro
Nova opção de lámen na Liberdade
Ramen Ya* oferece oferecia opções variadas em espaço amplo
*O estabelecimento Ramen Ya não está mais em funcionamento (atualizado em 29 de janeiro de 2015)
O bairro da Liberdade é a mais consagrada concentração de restaurantes japoneses por metro quadrado em São Paulo.
Uma das casas mais recentes é o Ramen Ya, cuja especialidade é homônima. “Um dos diferenciais é o sistema de funcionamento, em que o cliente faz o pedido no caixa, paga e recebe uma senha para retirar seu pedido no balcão; após a refeição, o cliente deixa seu prato no balcão de devolução de louças. Outro fator é o espaço maior: temos mesas para grupos e famílias”, afirma Jun Takaki, sócio do restaurante.
Quanto à localização, ele avalia como positivo o fato de estar próximo do metrô e das lojas de produtos orientais.
O restaurante, inaugurado em fevereiro de 2014, está localizado onde funcionava o café Kohii. “Os clientes do Kohii não estranharam a mudança. Muitos deles acompanham as novidades pela mídia social e sempre comentam que sentem saudades do Kohii. Mas teremos novidades em breve”, avisa Takaki.
Somadas a opções clássicas (shio, shoyu e miso lámen, entre outros), o Ramen Ya também conta com preparos especiais.
“Como cada casa especializada em lámen tem seu próprio caldo, cada uma tem seu sabor e tempero, trabalhamos com os lámens tradicionais. Como são acompanhados sempre de carne suína, desenvolvemos opções com bacon e linguiça artesanal suína”, explica. “Temos também uma opção vegetariana, com caldo de shiitake, menma, moyashi, cebolinha e wakame”, completa Takaki.
O carro-chefe da casa, porém, é o tantanmen (foto), feito com moyashi, cebolinha, wakame, menma, carne suína moída, tahine e layu.
Estacionamento: não tem
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 11:30 às 15:00 e das 18:00 às 22:00
Melhor horário: almoço, das 11:30 às 12:30; jantar, das 18:00 às 19:30
Pagamento: apenas dinheiro
*O estabelecimento Ramen Ya não está mais em funcionamento (atualizado em 29 de janeiro de 2015)
**In memoriam, a senhora Miyako Matsui que costumava receber os clientes na entrada do restaurante Kidoairaku, morreu em janeiro de 2017. A Hashitag deixa suas sinceras condolências à família Matsui e agradece pelo importante legado deixado à gastronomia e à cultura japonesa no Brasil. (atualizado em 1 de fevereiro de 2017)