Quem ama o feio, gostoso lhe parece
A culinária japonesa caiu no gosto do brasileiro. Até porque o país abriga a maior comunidade nipônica fora do arquipélago. Bem difundida, os seus pratos típicos deixaram de ser exclusividade dos restaurantes especializados para ganhar espaço no balcão de salada, como é o caso do sushi e sashimi. Melhor ainda, funcionam como uma porta para a popularização da própria cultura japonesa.
Entretanto, assim como a cozinha de qualquer nacionalidade, alguns ingredientes são tratados com aversão por causa da propaganda negativa de adjetivos como “amargo”, “azedo”, “fedido” e “gosmento”, que acabam gerando um preconceito generalizado em relação a sabores e aspectos de alimentos que muita gente desconfiada sequer experimentou.
Por isso, em defesa desses “injustiçados” da culinária japonesa, decidimos encorajar os comensais a ampliar seus horizontes gastronômicos, esclarecendo a forma de preparo e consumo de alguns desses ingredientes.
1. Goya ou nigauri
Goya é o modo como o nigauri é chamado na região de Okinawa, situada no extremo sul do Japão. O próprio nome, que significa literalmente pepino (uri) amargo (nigai), denuncia o sabor deste fruto colhido ainda verde para manter a sua textura firme e crocante.
Ele pode ser preparado na forma de omelete, refogado com carne suína, frito como tempurá ou cozido no vapor. Massagear as fatias com sal, após retirar a polpa branca e as sementes com uma colher, ajuda a reduzir o amargor.
2. Fígado
No Brasil, há quem coma com gosto e quem torça o nariz para um suculento bife de fígado. E no Japão não é diferente. Para aqueles que estiverem dispostos a se aventurar em receitas com fígado, a dica é diversificar a forma de preparo, que podem ser molho teriyaki, marinado no missô (pasta de soja fermentada), acebolado com shoyu ou refogado com cenoura e nirá.
Para diminuir o cheiro, lave o fígado cru diversas vezes em uma bacia, trocando a água sempre que ficar cheia de sangue. Depois, corte-o em pedaços e deixe marinando em leite frio durante 20 minutos para amolecer. Lave em água corrente e prepare à sua moda.
3. Nattô (soja fermentada)
O aroma resultante da fermentação da soja faz o alimento parecer pouco apetitoso para quem está experimentando o nattô pela primeira vez. Porém, a má impressão é desfeita na primeira bocada de arroz japonês coberto pelos grãos macios, envoltos por uma viscosidade semelhante à baba do quiabo.
O sabor delicado pode ser complementado com a adição de temperos como shoyu, karashi (mostarda japonesa em pasta), wasabi (raiz forte), cebolinha picada, ovo cru ou o molho próprio em sachê que acompanha algumas marcas importadas.
4. Wasabi
É difícil encontrar algum apreciador da culinária japonesa que nunca tenha experimentado uma pitada de wasabi. Eterno acompanhante do sashimi, o condimento é vendido na forma de pasta em tubo ou em pó para ser preparado com adição de água.
Que tal variar o uso misturando um pouco de wasabi na maionese do seu próximo hambúrguer ou em um refrescante molho de salada à base de shoyu , vinagre de arroz e saquê mirin?
5. Umeboshi
É a tradicional conserva de ameixa japonesa, geralmente servida em cima de uma tigela de arroz sem tempero ou dentro de um bolinho de arroz. A ameixa pode ser grande ou pequena, macia ou crocante, mais azeda ou salgada, vermelha ou verde. Devido ao seu sabor salgado e ácido, o umeboshi é empregado como tempero em preparações como okayu (tipo de mingau de arroz), temaki (sushi enrolado em forma de cone), salada de folhas frescas e até chás.