Saquê está no sangue
Como um legítimo fator de integração cultural, o saquê conquistou o Brasil adaptado à caipirinha, ao mesmo tempo em que traz sua tradição milenar. Pode ser degustado gelado, frio, à temperatura ambiente e quente – perfeito para o inverno.
“O saquê pode ser bebido de 5 a 55˚C. Ele tem a versatilidade que poucas bebidas alcoólicas têm”, diz Yasmin Yonashiro, saquê sommelier do restaurante Kinoshita e embaixadora da marca Jun Daiti no Brasil. “O saquê é um produto em crescimento no país: 30% ao ano. Cada vez mais o brasileiro quer conhecê-lo, independentemente se em caipisaquê ou puro”, completa.
O consumo de saquê quente ainda é novo no Brasil. “Acreditamos que o saquê quente está começando a ser aceito pelos brasileiros. Pouco a pouco, os restaurantes estão disponibilizando essa forma em seus cardápios”, diz Miki Shimizu, relações públicas da Tozan, fabricante do saquê Azuma Kirin.
Celso Ishiy, especialista da Tradbras (importadora do saquê Hakushika), aponta o tipo junmai como o melhor para ser degustado quente. “É o verdadeiro saquê, feito somente a partir da fermentação, sem acréscimo de álcool destilado”.
Beber bem, comer bem
O saquê combina com qualquer tipo de alimento, quente ou frio, da culinária japonesa ou não. Especialmente no inverno, o saquê do tipo seco vai bem com alimentos gordurosos e frituras, como yakisoba e tempurá. O oden (cozido de legumes, peixe, tofu e ovos), prato japonês típico da estação, também é ótimo para acompanhar.
A única restrição são alimentos que têm arroz na composição, como o sushi, já que é o mesmo ingrediente da bebida. Mas lembre-se: o mais importante é escolher o prato que mais lhe agradar!
Dicas para iniciantes
Ao escolher um saquê na adega ou no mercado, atenção na data de fabricação – diferente do vinho, quanto mais novo, melhor. A garrafa deve estar sempre em pé, pois, deitada, facilita a oxidação.
Para experimentar o saquê quente em casa, o banho maria é o meio mais indicado para esquentá-lo. O ideal é transferi-lo da garrafa original para o tokkuri, frasco típico para esquentar e servir o saquê.
No restaurante ou bar, tenha em mente que há muitas categorias de saquê, então é bom ouvir a orientação do sommelier ou dos atendentes para pedir algo de acordo com seu gosto. Para a degustação do saquê quente, deve-se usar um copo de cerâmica, como o tradicional ochoko. Caso contrário, a taça é o melhor recipiente para perceber aroma, sabor e cor.
Para iniciantes, Yasmin recomenda o saquê tipo honjozo, que é mais suave, com menos sabor de arroz e acréscimo de álcool ao final da fermentação. A partir dele, pode-se conhecer as outras categorias para descobrir qual mais lhe agrada.
O bartender Charles Sato conta uma história sobre uma possível origem do saquê. “Diz que um funcionário de uma fazenda de arroz esqueceu de fechar a tampa do barril com arroz cozido, que ficou lá até estragar. Quando o chefe descobriu, fez o funcionário levar para casa para comer – para não desperdiçar, como é do costume japonês. O funcionário, ao mastigar a primeira porção do arroz estragado, sentiu uma alegria diferente: ficou bêbado! E aí foi descoberto o saquê”. Para quem quer preparar em casa coquetéis com saquê quente, Charles preparou duas receitas exclusivas.
Saquê + música
Empresa lança saquê para jovens no Japão
Diferente do Brasil e dos Estados Unidos, no Japão, o consumo de saquê entre os jovens está diminuindo. Para renovar o público e manter a tradição, a Sawada, fabricante de saquê da província de Ishikawa, associou à sua marca a imagem da cantora e compositora Tsubasa (foto).
O saquê “Tsubasa” é do tipo daiginjo – leve, aromático e feito com grãos de arroz extrapolidos – e está à venda, por enquanto, apenas no Japão.
RECEITAS DE DRINQUES COM SAQUÊ QUENTE (criação: Charles Sato)
FUYU SAKE
(Lembre-se: bebida alcoólica é só para maiores de idade e com moderação)
Aprovado
Para conhecer mais sobre a arte do saquê, a #hashitag recomenda o livro Saquê Para Iniciante e Iniciados, de Griffith
Frost e John Gauntner (Editora JBC, 2007).
[+] Saque para iniciantes e iniciados