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Culinária japonesa do Pará para São Paulo

Amazon lamen com tucupi

Amazon Lamen do Lámen Açu Foto: Rafael Salvador

Uma das principais comunidades japonesas que se formou no Norte do país foi a de Tomé-Açu (PA), em 1929, e um dos legados deixados pelos imigrantes foi a CAMTA (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu). “Hoje, a comunidade vive em função da cooperativa, que foi responsável pelo auge da pimenta-do-reino (até a década de 70) e tem se destacado pela produção sustentável de cacau com o sistema agroflorestal”, explica Getúlio Sasaki, um dos sócios do restaurante Lamen Açu.

Ele conta que as influências culturais nipônicas ficaram bastante arraigadas e continuam vivas na região. “Os descendentes de japoneses de Tomé-Açu não sabem falar só japonês ou só português. É tudo misturado”, brinca. “Até hoje, minha mãe, Kiyoko Sasaki, faz missô caseiro e tsukemono de mamão verde”, completou Getúlio ao lembrar que, antigamente, os imigrantes também comiam a raiz do pé de mamão e que tinham que aproveitar aquilo que tinham acesso.

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Willian Sesaki, Nancy Fukayama e Getúlio Sesaki apresentam os sabores amazônicos no Lamen Açu. Foto: Rafael Salvador

Amazon Lámen

Amazon Lámen Foto: Rafael Salvador

Filho de japoneses e nascido em Tomé-Açu, Getúlio se mudou para São Paulo em 2010 e desde então toca um restaurante com o mesmo nome de sua cidade-natal, no bairro da Saúde. Lá, a comida é japonesa e a cada três meses é servido a maniçoba (conhecida como a feijoada paraense).

Mas foi só em 2016 que ele, a chef Nancy Fukayama, o chef Willian Sesaki e mais alguns sócios decidiram juntar as duas culinárias numa só. “Quando ofereceram o ponto comercial, fizemos uma pesquisa, decidimos investir em um novo negócio em sociedade para apresentar um pouco da culinária autêntica do Pará”, conta Nancy.

Inspirada na culinária paraense, a chef desenvolveu o cardápio do Lamen Açu inserindo os ingredientes regionais em pratos japoneses. No menu, o destaque vai para o “Amazon Lamen”, feito com tucupi e jambu (erva típica do Pará que confere uma leve sensação de formigamento na língua).

“A sra. Kiyoko é quem prepara o tucupi, em Tomé-Açu. Ela deixa o caldo bem concentrado para poder mandar para São Paulo. Depois, juntamos essa redução com caldo de frango, o jambu e outros ingredientes daqui da região”, comenta a chef Nancy Fukayama.

Outro prato em que o toque amazônico também aparece é o “Nasu Dengaku”. Nessa versão, a berinjela grelhada com missô e carne suína é finalizada com farofa de castanha-do-pará.

Nasu dengaku com castanha-do-pará e jambu Foto: Rafael Salvador

Atendendo a pedidos, o chef Willian desenvolveu a opção vegana do lámen e foi até o Japão para pesquisar as possibilidades. “Tomamos o cuidado inclusive de separar a louça em que o lámen vegano é servido”, ressalta. Na receita, o chef usa moyashi, cebolinha, nori, gergelim, chingensai, kikurage, edamame, gengibre, cenoura, pasta de amendoim e leite da castanha-do-pará.

Lámen vegano

Lámen vegano Foto: Rafael Salvador

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