Diário do Front, por Massaki Udihara
O médico nikkei Massaki Udihara relata suas experiências no front da Segunda Guerra Mundial em seu livro ‘Um Médico Brasileiro no Front’
Reportagem: Marianne Nishihata
As aventuras e experiências do médico Massaki Udihara na Segunda Guerra Mundial não ficaram apenas na memória. No período de 29 de junho de 1944 a 16 de junho de 1945, quando esteve na guerra, o médico escreveu um diário, que foi preservado intacto até hoje por sua filha, Maria Lucia Udihara.
Publicado pela editora Nova Fronteira com o título de Um Médico Brasileiro no Front – Diário de Massaki Udihara na Segunda Guerra Mundial, o livro apresenta pouquíssimas correções, a fim de preservar a linguagem do autor.
O diário escrito por Udihara foi transformado em livro numa ação conjunta do presidente-executivo da Sociedade Brasileira e Japonesa de Beneficência Santa Cruz – Hospital Santa Cruz, Paulo Yokota, do historiador, professor e diretor do Latin American and Caribbean Studies Program da Emory University, Estados Unidos, Jeffrey Lesser, e do historiador Roney Cytrynowics.
A ideia surgiu quando Yokota estava reunindo material de personagens nikkeis para fazer a comemoração de aniversário da Sociedade. “Udihara deu indícios de que queria ver seu trabalho publicado, pois, além de ter começado a datilografar seu diário, teve uma preocupação literária quando o escreveu”, disse Yokota. “A ideia foi preservar o escrito ou a intenção do escrito, com o mínimo de interferências”, afirma Cytrynowics. “Esse diário mostra um jeito de ser brasileiro”, completa Lesser.Primeiro descendente de japoneses a se formar pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Udihara concluiu o curso em 1939. Poliglota, intelectual e com porte físico não tão avantajado como os demais, ele se sentia desajustado como um soldado da infantaria.
Os pedidos para servir o Exército como médico foram negados, mas não impediram que salvasse companheiros em batalha e ganhasse três medalhas de guerra.
Além do diário, ele produziu 300 cartas, longas e pessoais, que foram guardadas pela esposa, Maria Haramura, que era sua noiva à época do conflito.
No livro, é possível perceber as indagações do médico preocupado com o lado humano da guerra e as vidas desperdiçadas nas batalhas. A produção da obra levou aproximadamente 1 ano, mas ainda não se sabe se será publicada em outros idiomas. “Espero que o livro possa ser traduzido para o japonês”, torce Yokota.
Leia trechos do diário neste link
Reportagem: Marianne Nishihata
Reportagem publicada na edição nº 59 da revista Made in Japan