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Encontro das top chefs Telma Shiraishi e Helena Rizzo com o tema: washoku

O tema do encontro foi a essência do washoku, apresentado pela chef do Aizomê com a composição de um menu outonal servido à chef Helena Rizzo, ao antropólogo Carlos Alberto Dória e a jornalistas convidados.

Dividida em etapas, uma refeição japonesa tradicional é preparada com ingredientes sazonais, que representam o frescor trazido da natureza e a valorização dos sabores em sua melhor época.
O cuidado com a apresentação dos pratos e com os ingredientes que representam a estação do ano correspondente foi justamente o que mais impressionou Rizzo em sua viagem ao Japão. “Lembro que, quando fui ao Japão, era outono, e a maioria dos restaurantes trabalhava com os mesmos insumos, característicos da estação, mas ao mesmo tempo cada um conseguia fazer uma apresentação diferente da outra”, comentou.
Dessa experiência que teve no Japão, a chef contou que conheceu novos sabores e novas formas de preparação, como a delicadeza da produção do yuba e a refrescância do yuzu. Das influências que levou ao Maní, ela inseriu no cardápio o shoyu como tempero para os pratos de tutano.
Brasil-Japão
Em relação às características que pôde perceber entre as duas culinárias, Rizzo disse que consegue ver semelhanças entre a cozinha brasileira e a japonesa pela valorização dos caldos nas preparações.“Lá, provei muito pratos com caldos saborosos”, observou a chef. O antropólogo Carlos Dória também concordou e comentou que no Brasil temos o tacacá (típico da região amazônica) como exemplo emblemático de caldo típico feito com mandioca.
Além disso, a chef do Maní destacou o uso de ervas nas duas cozinhas e o aproveitamento de gomas produzidas, no Brasil, a partir da araruta e, no Japão, a partir do kuzu.
O jantar
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Para acompanhar o awabi grelhado, o dashi shoyu trouxe o seu sabor levemente defumado para combinar com o yakinasu que acompanhava o prato.
Já a combinação de karaagues de manjuba, lula, siri mole e renkon foi acompanhada de molho ponzu. A fritura abriu o apetite para a sequência de sushis e sashimis que permitiu que os convidados brincassem com as opções de shoyus servidos à mesa. Destes, o shoyu Guen-en, com 40% menos sódio, proporcionou um balanço para ressaltar o sabor das preparações combinado à doçura do wasabi natural.
Para o prato cozido no vapor, a chef Telma combinou os sabores do lagostim e do linguado ao tofu e a todo o umami da alga kombu com shiitake, enoki e mitsuba ao caldo dashi. Não era preciso mais temperos, mas de acordo com a indicação da chef, o shoyu Guen-en complementaria o quinto gosto atribuído ao prato.
Ao final, o steak de wagyu veio acompanhado de cogumelos eryngui, batatinhas, mini- abóboras, ervilhas, minitomates momotaro para compor um prato colorido e saboroso.
Por último, mas não menos importante, foi servida a sobremesa com três versões da abóbora kabocha: em creme, em calda e como bolo regado com calda de chocolate e shoyu Guen-en.
A possibilidade de importação das variações de shoyu (Guen-en, Shiboritate Nama e Dashi-shoyu) ainda estão sendo estudadas pela Kikkoman e, por enquanto, não estão presentes no mercado brasileiro. Para Rizzo, esse é um passo importante para a criação de novos pratos. “Nós, chefs, precisamos ter mais acesso a ingredientes de boa qualidade para inovar mais na cozinha”, observou durante o jantar.
- Harmonização do jantar doi feita com os saquês Ozeki Sake Premium Junmai e Ozeki Sake Dry
- Jantar Kikkoman com shoyus especiais
- Creme de kabocha com sorvete de gengibre, bolo de kabocha com calda e chocolate e shoyu e kabocha em calda trazem o clima do outono à sobremesa
- Steak de wagyu com cogumelos eryngui
- Mini tomates momotaro e mini abobrinhas selecionadas
- Chirimushi de lagostim e linguado
- Cogumelos shiitake e enoki para o ensopado
- Entrada com gomadofu, awabi grelhado e frituras de manjuba, lula, siri mole e renkon
- Organização do menu de washoku
- Sequência de sushis
- Sashimi servido com wasabi verdadeiro
O C5
O Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo é uma associação cujo objetivo é divulgar a cultura gastronômica no Brasil. O grupo, formado por cozinheiros, jornalistas e estudiosos, busca a valorização da culinária local por meio de pesquisas, cursos e seminários. Além disso, o C5 incentiva o desenvolvimento sustentável da culinária ao lado de pequenos produtores.
Saiba mais: culinariac5.wordpress.com
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