Conteúdo da Hashitag #10

Italianos invadem o Japão

Pizza_marguerita_moromi-ok
Pizza mezzo a mezzo. Marguerita e a especialidade da casa, com carne moída temperada no moromi, com muita cebolinha
Há trinta anos, era difícil encontrar queijo muzzarela nas gôndolas dos supermercados do Japão. As pizzas e os spaghettis eram doces e em nada lembravam a boa comida italiana. Mas uma revolução silenciosa foi se alastrando por todo o arquipélago nipônico. Houve um boom de turismo na década de oitenta. Os japoneses começaram a conhecer melhor a Europa. Perceberam que havia algo de errado com o que comiam no Japão. Jovens chefs viajaram para Itália e França para aprender a culinária local. Abriram mercado para a entrada de produtos estrangeiros. E se era para importar, que se importasse o melhor. Estamos falando de farinhas e queijos, e depois dos vinhos.

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Chef Tsuyoshi Murakami e o restaurateur Marcelo Fernandes entram na dança, com Caccini Sakurai e Satoshi Yamashita. O sole mio !!!! Fotos: Jo Takahashi
E como sabemos que japoneses, quando decidem, não brincam em serviço, e com produtos de primeira em mãos, começou-se a produzir ótima comida italiana no Japão. Hoje, corre uma piada no mundo gastronômico: Quer comer uma boa comida italiana? Vá a Tóquio.

Sim, a melhor comida italiana começou a ser praticada na capital, no final do século XX, mas logo se alastrou para todas as regiões. Hoje até em minúsculas cidades, encontram-se ótimas cantinas. E as pizzas, então?
A massa, na maioria das casas, segue rígidos padrões napolitanos. A Associazione Verace Pizza Napoletana, que certifica as “verdadeiras” pizzas no mundo, indica 46 estabelecimentos certificados no Japão (contra apenas seis no Brasil inteiro).

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Spaghetti com legumes da estação, edamame , folhas de mitsuba, temperadas ao azeite e shoyu Kikkoman
São milhares de cantinas italianas (cerca de 10.000 no Japão todo, sendo 2.000 somente em Tóquio), mas escolhemos uma que agrega todo o charme da Itália, com uma pitada de sabores do Japão. Chama-se Comestà, e fica em Noda, a 50 minutos de Tóquio de carro, onde nasceu o shoyu Kikkoman. Seu proprietário também já pertenceu aos quadros da centenária fábrica de shoyu. Foi ideia dele incorporar um acento nipônico no sabor, em alguns pratos como o filé de wagyu na chapa, temperada com moromi, a soja e o trigo processado e fermentado do qual é produzido o shoyu. Esta pasta dá um acento marcante e profundo no alimento.

O maître “Caccini” Sakurai nos recebe com um bom humor incomum para os japoneses. Juntamente do chefe da brigada, Satoshi Yamashita, explicam cada prato e, por fim, cantaram trechos de música italiana, após uma sobremesa performática. Celebração pura.

Comestà, cidade de Noda, endereço e mapinha, clique em comestadome.jp
Jojoscope viajou a convite da Kikkoman.

Jo Takahashi Jo Takahashi foi consultor de arte e cultura na Japan Foundation, onde atuou por 25 anos como administrador cultural. Agora, migra essa experiência para a sua produtora independente, a Dô Cultural, que propõe um conceito design de formatar e desenvolver o projeto cultural.
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