Conteúdo da Made in Japan #107

Veja entrevista com Hiroshi Kitadani

:: Vídeo: veja mensagem de Hiroshi Kitadani para os fãs brasileiros

Edson Nakamura
Kitadani se diverte com os colegas Masaaki Endo e Yumi Matsuzawa e vê a revista Made in Japan

O trabalho mais conhecido de Hiroshi Kitadani é a música “We Are!”, do anime One Piece. Ele passou por algumas bandas de estilos diferentes, como o Stagger, de J-Pop; e o Lapis Lazulli, rock de estilo “visual”. Mas foi graças às anisongs que estreou sua carreira-solo em 1999.

Ele também faz parte do JAM Project e do Manga Trio. Interessado em encontrar novos meios de explorar a voz, estreou também na dublagem, fazendo uma ponta como um engraçado roqueiro na 4ª temporada do anime Galaxy Angel, de 2004. Acabou de lançar o CD single de “Humanoid Monster Bem”, no dia 26 de julho.

Radiante por ter vindo ao Brasil, Kitadani nos contou detalhes sobre a evolução de sua carreira.

Você gosta de animes, mangás e games?
Quando era criança, eu assistia animes, tokusatsus e lia mangá como todas as outras da mesma idade. Mas chega uma hora em que paramos de acompanhar essas coisas e eu não fui exceção.

Edson Nakamura
“Os animes infantis são legais porque os sentimentos são retratados de forma pura e direta”
Depois que comecei a me envolver no meio, eu voltei a assistir alguns desenhos animados infantis e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que o negócio era divertido até para os olhos de um adulto! As piadas do Crayon Shin-chan são engraçadíssimas e descobri que os longas do Pokémon são muito emocionantes. Na minha opinião, esses trabalhos são até mais emocionantes do que filmes de Hollywood porque mostram de uma forma que até as crianças entendem as mensagens de amizade, amor e respeito à vida e à família – que são coisas que me tocam profundamente.

Em compensação, os animes ditos “mais adultos” não me comovem. Eu já estou beirando os 40 anos e eu digo que tenho Síndrome de Peter Pan porque quero ser criança para sempre. Os animes infantis são legais porque os sentimentos são retratados de forma pura e direta.

E, recentemente, eu também descobri o videogame. Eu fui uma criança que não jogava muito videogame. De uns tempos para cá eu comecei a jogar PS2 e Nintendo DS e achei tudo muito empolgante. Até bateu um arrependimento por não ter descoberto isso antes. Mas, novamente, eu não curto jogos com tramas complicados como RPG, onde precisa gastar um tempão evoluindo o seu personagem. Prefiro coisas mais diretas e rápidas que fazem “BUUUM”, “CRASH” E “BONC”. Atualmente estou jogando o Saru Getchu! em que eu preciso ficar capturando macacos.

Você passou por várias bandas, conte um pouco sobre a evolução de sua carreira.
Eu iniciei profissionalmente num grupo chamado Stagger, que era um grupo J-POP. Era da mesma agência de talentos do B’Z, mas tinha uma filosofia muito esquisita porque não gostavam que seus artistas fizessem shows ao vivo. Eles nem deixavam gravar CDs se a música não estivesse “tied up (amarrado)”. Ou seja, a música precisava estar amarrada com alguma propaganda, tema de novela ou de filme para impulsionar as vendas.

Era uma época em que o cenário musical japonês girava em torno de “tie ups”. Era estranho porque buscar essas parcerias era mais importante do que criar músicas boas. Depois de ter sido despedido dessa agência eu fui escolhido para cantar a música-tema de One Piece e me “deixaram” ser o vocalista do Lapis Lazuli, que era uma banda de “visual rock”. Sabe, aquelas bandas em que os integrantes se maqueiam todo, fazem poses com um jeito que não dá para saber se é homem ou mulher? Pois é, entrei em várias ondas.

Logo depois de ter sido despedido, eu liguei para um conhecido que trabalhava no escritório do famoso compositor Kohei Tanaka (Sakura Wars, Flashman, One Piece) e ele me falou sobre o concurso de escolha de voz para a música tema do One Piece. Eu tive a sorte de ser o escolhido e “We Are!” virou o meu cartão de visitas. Foi tanto sucesso que até ganhou o prêmio de preferência do público do 5º Festival Animation Kobe.

Uma particularidade legal das anisongs é que não ficamos presos a uma determinada gravadora. Quando precisam de um cantor de anisongs, eles realizam uma competição e escolhem o vocalista ideal para suas necessidades. Se querem alguém gritando energicamente em um anime de robô, lembram de Masaaki Endo. Quando ele grita o nome do golpe principal no palco, deixa todo mundo arrepiado! E se querem uma música alegre e animada, eles pensam em Hiroshi Kitadani, é assim que os trabalhos chegam. Eles nos chamam independente da gravadora e nenhum outro artista J-Pop consegue essa façanha. Isso nos proporciona uma liberdade muito grande.

Fico descontente quando vejo músicas que não têm nada a ver com o anime sendo usadas como músicas-tema só para aumentar as vendas dos CDs. O JAM Project, o grupo do qual faço parte, é um movimento contra isso. Queremos criar músicas que falem do desenho e que usem a mesma linguagem. Usar músicas que não têm nada a ver é um desrespeito ao público que gosta de animes.

De onde vem a inspiração na hora de compor suas músicas?
Na hora de compor, eu busco inspiração olhando para as ilustrações e lendo o roteiro dos animes. Também encontro inspiração na hora em que canto em shows ao vivo. Todo esse processo estimula a criatividade e nos amadurece como profissionais. Mas o meu coração eu tento manter sempre igual ao de quando era criança. O anime me proporcionou muitas coisas boas e sinto que preciso retribuir me esforçando mais e mais.

Você fez uma participação especial como o personagem Shin Forte da 4ª temporada de Galaxy Angel. O que achou de trabalhar como dublador?
Como soube disso? (risos). Bom, o trabalho de dublador é algo que eu sempre quis fazer. Eu já participei uma par de vezes no musical do Sakura Wars. Nesse musical, grandes dubladoras como a Mayumi Tanaka (que faz a voz do Ruffy) dançam, cantam e atuam de forma magnífica. Foi aí que eu concluí que os dubladores são os grandes especialistas da voz, em todos os aspectos.

Eu também trabalho criativamente com a voz, interpretando canções, e achei que se eu quisesse explorar ainda mais a minha voz, só poderia ser através da dublagem. Achei estimulante o desafio de me expressar usando apenas a voz, sem mostrar o rosto. Eu adoraria ter mais oportunidades de dublar. Desta vez, eu fiz um papel cômico, mas gostaria também de fazer papéis dramáticos. E também acredito que fazer coisas diferentes influencia positivamente no meu trabalho como cantor.

Quais as suas impressões do Brasil?
A viagem foi muito longa e ainda não consegui absorver a idéia de que estou no Brasil (risos). Eu vejo lugares diferentes, cercado de caras diferentes, escuto uma língua estranha e uso o Real como dinheiro. Mas ainda não me convenci. Talvez isso mude quando realizar o show desta noite. Só sei que é a primeira vez que saí do Japão e estou ansioso para saber se o público me conhece de verdade e se eles vão gostar da minha performance.

É uma coisa estranha de se pensar, porque eu estou longe do meu país e em um lugar onde as pessoas não deviam me conhecer. Eu sei que existe a internet e tal, mas, ainda assim, eu fico impressionado com o poder da anisong.

Por exemplo, mesmo lá no Japão, se eu for até Hokkaido, as pessoas não irão me reconhecer. Mas se falar na música do One Piece, todas as pessoas do Japão irão me reconhecer. Podem não conhecer o meu nome ou o meu rosto, mas conhecem a minha voz, a melodia que canto e o anime de onde veio a música.

Fãs da China e da Coréia do Sul me mandam mensagens. Mesmo eu não fazendo nada, o anime espalha o meu nome pelo mundo. Esse poder de alcance das anisongs é impressionante.

Mande uma mensagem para os seus fãs brasileiros
Hoje será o meu primeiro show no Brasil. Vim até o outro lado do planeta voando durante muito tempo de avião e pretendo cantar com todas as minhas forças. Eu quero transmitir sonhos e esperanças com muita alegria. Se o público gostar, acredito que o Hiroshi Kitadani irá evoluir mais um estágio esta noite.

Entrevista: Arnaldo Oka

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (25/04/2024)
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