Budismo

Filosofia globalizada

Nas últimas duas décadas, o budismo tem atingido camadas cada vez mais diversificadas da população brasileira. O número de não-descendentes já supera, com larga vantagem, a quantidade de nikkeis que seguem essa religião. Para quem é descendente de japoneses e está interessado em conhecer o budismo, é necessário que pesquise qual a escola mais apropriada. Para quem está procurando algo mais ligado às tradições cerimoniais de seus pais ou avós, a dica é uma escola de linha Nichiren, ou Terra Pura japonesa. Nessas escolas, não há práticas de meditação, e a ênfase é nas cerimônias e na repetição de mantras.

Foto - Mario Piroli
Acima, o juzu (pulseira) budista. No alto, monges oram por Nova York após o atentado de 11 de setembro

Para aqueles que se interessam pela meditação ou procuram uma forma de autoconhecimento e autocura, influenciados pelas idéias de Dalai Lama, é mais indicado procurar uma escola ligada ao budismo tibetano ou ao zen (japonês) ou ch’an (chinês). Algumas dessas escolas estão sendo chamadas de Budismo Globalizado ou Neo-Budismo, por causa de seu crescimento mundial.

Um exemplo dessa expansão é o novo templo da linha ch’an que está sendo construído em Cotia (SP). Ele será o maior da América Latina, com 4 mil metros quadrados de área construída, e abrigará uma faculdade budista para a formação de monges e disseminação do budismo entre leigos. Além disso, outras correntes do budismo tibetano também estão fincando pé no Brasil, e um dos fatos mais marcantes é a formação de um lama brasileiro.

No final da década de 80, ao visitar o Brasil para fundar um centro de budismo tibetano em São Paulo, o lama Gangchen Rimpoche, um dos principais representantes da linha Guelukpa, a mesma de Dalai Lama, conheceu a família Calmanowitz. O casal Daniel e Bel César ficou encarregado de fundar o Centro de Dharma da Paz, o que acabou acontecendo em 1989, mas eles não sabiam que seu filho Michel era uma criança especial. Lama Gangchen pressentiu que o menino poderia ser uma reencarnação de seu antigo mestre e propôs aos pais uma viagem ao Tibete para confirmar a suspeita.

Fotos - Luiz Fernando MacianNoemi CatalanoQuando chegou ao Tibete, o menino Michel foi confirmado como a importante reencarnação de um lama tibetano e recebeu o título de lama Rimpoche. Com a aprovação dos pais, lama Michel está recebendo formação em um mosteiro no Tibete e se prepara para suceder o lama Gangchen como um importante líder do budismo tibetano no mundo.

Depoimentos
Sou psicóloga e, a partir de meus estudos acadêmicos, tomei contato com o zen. Procurei um templo e entendi que o zen era muito mais que compreensão intelectual. Agora estou me preparando para ser monja,
Noemi Catalano, 50 anos, psicóloga.

1209_budismo_marcio.jpgMárcio Leandro MarsilioHá 6 anos comecei a consumir maconha. Logo estava usando cocaína e crack. Em pouco tempo, havia me tornado dependente. Minha mãe era praticante do budismo e, um dia, cheguei em casa e ela estava orando por mim. Comecei a chorar. Depois disso, passei a orar todos os dias. Tornei-me participante de um grupo de jovens budistas, e o companheirismo do pessoal me ajudou a largar as drogas,
Márcio Leandro Marsilio, 25 anos, funcionário da Soka Gakkai do Brasil.

1209_budismo_silvana_maria.jpgSilvana Maria VicenteO que mudou na minha vida?
Nasci com uma deficiência na perna e sempre me questionava o motivo de ter nascido daquele jeito. O budismo me ajudou a entender o problema. Meus pais e eu compreendemos a lei do carma e começamos a enfrentar melhor a deficiência, até que, aos 12 anos, fiz um tratamento médico e fiquei curada. Percebi que o budismo havia me ajudado muito e, aos 15 anos, comecei a praticar assiduamente,
Silvana Maria Vicente, 35 anos, funcionária da Soka Gakkai.

Fui educado no catolicismo. Tenho Cristo como referência, mas encontrei respostas no budismo que não encontrei na religião católica. Encontrei o budismo depois de passar por uma fase cética, quando estudava Sociologia. Com o budismo, foi possível começar a meditar e sair do racional. Sou praticante assíduo há 5 anos,
Moacir Mazzariol, 52 anos, administrador e sociólogo.

1209_budismo_moacir.jpgMoacir MazzariolBudismo arroz-com-feijão
O budismo no Brasil está se aculturando às condições do país. As antigas dificuldades com a língua enfrentadas pelos imigrantes para difundir a religião entre os brasileiros praticamente não existem mais. Veja abaixo uma relação de itens que indicam o surgimento de um budismo com características brasileiras, também chamado carinhosamente pela monja Coen (foto), de budismo arroz-com-feijão:

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (24/04/2024)
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