Depoimentos de sobreviventes da bomba atômica
Kamikaze e sobrevivente
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“Foi uma visão terrível. Não dá para explicar em palavras”
“Depois do acidente, fui transferido para a Marinha. Mesmo assim a minha sentença de morte me acompanhou. Fui designado para ser um tripulante do “maruyontei”, uma espécie de barco motorizado pequeno, com 250kg de explosivos. O objetivo era o mesmo de um kamikaze. Minha missão era fazer com que o barquinho se chocasse com o navio inimigo”, conta.
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Ashihara aos 16 anos quando treinava para ser kamikaze
Por ironia do destino, duas semanas antes da missão, ele recebeu folga e voltou para Nagasaki a fim de reencontrar a família e os amigos. “Foi justamente na minha estadia na cidade que a bomba caiu. Todos os soldados foram designados para ajudar os feridos. Foi uma visão terrível. Não dá para explicar em palavras. Vozes pedindo socorro no meio dos escombros, pais desesperados à procura de filhos desaparecidos e órfãos desamparados. Não havia muita coisa a fazer, a não ser retirar os corpos queimados. Infelizmente são lembranças que nenhum documento pode provar.”
Manabu Ashihara, 76 anos, de Nagasaki
Assista ao trailer do documentário Hibakusha: herdeiros atômicos no Brasil, dirigido por Maurício Kinoshita