Sumiê – a arte em preto-e-branco

O grande mestre
Nascido em 1420, o pintor japonês Sesshu aprendeu a arte sumiê no templo Shokokuji, em Kyoto. Em 1467, foi para a China, onde estudou, durante dois anos, os estilos das correntes Canção do Sul e Seppa (em chinês, zhepai). Após aprender estilos variados, passou a buscar uma linguagem própria.

Sesshu teve sucesso ao estabelecer um estilo de pintura japonesa característico, diferente dos primeiros trabalhos, quando copiava os chineses. Uma característica de seu trabalho é a maneira como são representados montanhas, penhascos e pedras grandes.

Ele utilizava uma técnica conhecida como shumpo, pincelando linhas grossas e exageradas junto de linhas finas e delicadas, para produzir um efeito de tridimensionalidade. No fim da vida, ele morou e trabalhou nas regiões correspondentes às atuais províncias de Yamaguchi e Oita, no oeste do Japão, antes de morrer, em 1506.

Entre a Era Muromachi (1392-1573) e a Azuchi-Momoyama (1573-1603), surgiram pintores significativos, como Sesson Shoukei (leia box na página 25), Soukei Oguri, Oukyo Maruyama e Eitoku Kano. O legendário samurai Niten Miyamoto (1584-1645), imortalizado no livro Musashi, também foi um expoente do sumiê. Autodidata, ele começou a pintar em 1640, depois de percorrer inúmeros templos nipônicos, tradicionais redutos do suiboku-ga.

No Período Edo (1603-1867), artistas como Hasegawa Tohaku, Shohaku Soga e Tawaraya Sotatsu desenvolveram pinceladas originais e trabalhos de grande força expressiva. Além disso, acadêmicos produtores de bunjinga (pinturas literárias), como Ike no Taiga, Yosa Buson e Uragami Gyokudo, também abriram outros caminhos para a pintura sumiê, apresentando um estilo livre e despojado.

0302_sumie_pincel.jpgConfeccionados de cabo de bambu nos mais variados tamanhos e modelos, os pincéis do sumiê têm basicamente três categorias: o grosso, para o desenho, o suave, para colorir, e um misto de ambos. Eles são caprichosamente entalhados, e os pêlos do pincel podem ser de texugo e até de crina de cavaloO sumiê, porém, não está restrito somente às obras do passado. A técnica continua sendo usada por pintores contemporâneos e ganha adeptos em todo o mundo. Um exemplo disso é a exposição que será realizada pela Associação Nacional Suiboku-ga a partir de 13 de fevereiro em diversos locais de Tokyo, com trabalhos da professora Kakyou Kubota, fundadora da Associação Nacional Suiboku-ga, dos alunos da associação e de artistas convidados. “Nos dias de hoje, o maior desafio é a originalidade. Os artistas procuram temas ainda não explorados e novas maneiras de expressar as temáticas tradicionais”, explica a professora Kakyou.

Como o sumiê possui traços semelhantes aos da caligrafia chinesa, muitos materiais utilizados na técnica podem ser aproveitados para a pintura, como o pote para colocar a tinta (o suzuri), o pincel (o fude), o papel (o kami ou o washi) e a tinta (o sumi), esta última feita de carvão diluído em água. Os pincéis são as ferramentas mais importantes, pois depende deles a qualidade da pintura. Há um infinidade de pincéis, feitos com diferentes tipos de pêlos e até de crina de cavalo . Há, porém, três categorias básicas: o grosso serve para desenhar, o suave para colorir, e os dois usados juntos.

O artista deve se concentrar no manejo do pincel. As pinceladas usadas na pintura sumiê são executadas com grande controle e energia. Esse trabalho requer muita atenção, pois a tinta não pode ser removida do papel nem alterada. O papel, fabricado manualmente, é geralmente feito do arroz, mas também pode vir da polpa do bambu. O papel mais comum é o xuan, de superfície branca, leve e absorvente. Utiliza-se também o papel de alumínio e cola, que possui uma superfície menos absorvente, sendo adequado para trabalhos com linhas finas. Como se vê, cada passo do sumiê é um processo a ser assimilado no melhor estilo zen: exercitando a paciência, a humildade e a simplicidade, sempre em busca do aperfeiçoamento.

Sumiê

Fonte - Museu Nacional de TokyoEnergia, força e segurança dos movimentos são alguns dos elementos mais importantes do sumiê. O artista deve usar a tinta livremente, tendo o controle perfeito de cada pincelada

Gênio autodidata
Monge zen budista, o japonês Sesson Shoukei era adepto especialmente da pintura de paisagens, pássaros e flores. Embora fosse um religioso, costumava discutir suas estéticas de arte com intelectuais que não pertenciam aos templos. Nascido em 1504, em Ota, na atual província de Fukushima, Sesson Shoukei viveu pelo menos até os 86 anos, data que consta em um de seus trabalhos. Admirador da obra de Sesshu, aprendeu a pintar por si mesmo. Apesar de alguns de seus trabalhos terem sido adornados com cores, seu gênero principal era a pintura monocromática. Muitos de seus trabalhos são verdadeiras obras-primas, caracterizadas com pinceladas dinâmicas e cheias de sentimento.

Redação Made in Japan Redação do site Made in Japan
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Fonte: BCB (19/04/2024)
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