Cidade subterrânea
Já é a quinta vez que moro no Japão. Sabia que a capital japonesa oferece maravilhas turísticas, belas paisagens, templos históricos e prédios ultramodernos. O que eu não imaginava, antes de começar a viver aqui, é que muitas coisas acontecem nos subterrâneos da cidade. Isso mesmo. A cerca de 20 metros ou chegando até os 50 metros de profundidade, existe uma cidade completa, com uma ampla gama de serviços que vai de floriculturas e restaurantes a banhos de águas termais e caixas eletrônicos. Os japoneses podem fazer quase tudo sem sair debaixo da terra.
Para fazer esta reportagem, recebi a missão de passar um dia inteiro nos subterrâneos de Tokyo. Esses espaços interligam trens, metrôs e lojas de departamentos, e eu nunca tinha prestado atenção a sua existência. Achei que seria difícil passar tanto tempo no chikagai, que em português quer dizer “cidade subterrânea”.
Nos corredores, estão dezenas de estandes que vendem de tudo
Acompanhada do fotógrafo Satoshi Hosoya, aceitei o desafio. Deixei a redação, localizada no bairro de Komagome, ao norte de Tokyo, e peguei a linha de trem circular Yamanote, rumo a Shibuya, uma das estações mais movimentadas da cidade. A estação tem ligação direta com o subterrâneo, e nem pus os pés na superfície. Nos dias chuvosos, essa é uma vantagem para quem não quer se molhar. Olhei em volta e não tive a menor impressão de estar debaixo da terra. Aliás, é fácil esquecer que se está a 20 metros de profundidade quando a atenção vai para a infinidade de lojas de todos os tipos situadas no local.
O comércio da galeria subterrânea de Shibuya, conhecida como Shibuchika, é muito parecido com as áreas comerciais dos bairros japoneses. Mas bem diferente dos modernos shopping centers.
Loja de produtos do piloto Ayrton Senna, ídolo dos japoneses, no chikagai Yaechika